Uma notícia agridoce para os brasileiros: as três espécies de primatas que habitam o país e estavam listadas entre as mais ameaçadas do mundo saíram do ranking, cuja nova versão foi publicada ontem (26/10) por um grupo de ONGs ambientais. O alívio nacional, no entanto, não suaviza a tragédia global: 29% das 394 espécies conhecidas dos parentes mais próximos do homem estão sob risco de sumir.
Um relatório sobre os 25 primatas (macacos e lêmures) mais ameaçados mostra que hoje existem na natureza apenas algumas dezenas de indivíduos de algumas espécies de gibão e langur. E uma espécie de cólobo-vermelho da África pode estar já extinta.
"Você pode colocar todos os membros sobreviventes dessas 25 espécies em um só estádio de futebol. Isso mostra o quão poucos restam hoje", afirmou o primatólogo Russel Mittermeier, presidente da Conservação Internacional, uma das ONGs que assinam o relatório.
As principais ameaças aos macacos são a destruição das florestas tropicais, especialmente na Ásia --em parte para a produção de biodiesel, como no caso na Indonésia e da Malásia--, o comércio ilegal de animais silvestres e a carne de caça, especialmente na África.
O cólobo-de-waldron, que habita a Costa do Marfim e Gana, pode estar extinto. E o lóris-esbelto, do Sri Lanka, foi visto só quatro vezes desde 1937.
Segundo a Conservação Internacional, esforços feitos nos últimos anos no Brasil têm tido sucesso em proteger as três espécies nacionais que constavam na última edição da lista, feita em 2004: o mico-leão-de-cara-preta (Leontopithecus caissara), o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) e o macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternus). Os três são da mata atlântica.
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Folha de S.Paulo, 27/10/2007)