Os parentes mais próximos da humanidade estão à beira da extinção, o que não acontecia com eles há mais de um século, devido à caça e à devastação das florestas onde vivem, segundo um relatório divulgado nesta sexta-feira (26/10).
Entre os gibões e langures restam poucas dezenas de espécimes, e um tipo de colobo pode ter tido o mesmo destino que os dodôs, segundo o relatório sobre os 25 primatas mais vulneráveis. "Pode-se colocar todos os membros sobreviventes dessas 25 espécies num só estádio de futebol, de tão poucos que restam sobre a Terra hoje", disse Russell Mittermeier, presidente da entidade Conservação Internacional, com sede nos EUA.
Entre essas espécies há grandes primatas, como os chimpanzés e gorilas, e também macacos menores. Eles são muito caçados para fornecerem comida e remédios tradicionais ou como mascotes, e alguns são aprisionados também para fins de pesquisas médicas.
Também é comum que se matem na disputa por recursos e espaços, cada vez mais limitados por causa do desmatamento. "Na África Central e Ocidental, a carne de primatas é um item de luxo para a elite", disse Mittermeier à Reuters por telefone, falando do Camboja. "Aqui é até mesmo para propósitos medicinais, sendo que a maioria das espécies mais valiosas vai para mercados no sudeste da China."
Os orangotangos de Sumatra também estão ameaçados porque são caçados e vendidos como mascotes em Taiwan, acrescentou o conservacionista. Mas bastariam alguns poucos milhares de dólares para proteger muitos dos animais mais vulneráveis, disse Mittermeier, que espera que a divulgação do relatório incentive as doações a ONGs e estimule o ecoturismo.
Os primatas sobreviveram ao século 20 sem a perda de uma só espécie conhecida - na verdade, novas espécies são achadas quase constantemente, segundo Mittermeier. Ele acha que proteger esses animais deveria ser relativamente fácil. "Com o que gastamos em um dia no Iraque poderíamos financiar a conservação de primatas na próxima década para cada espécie ameaçada, criticamente ameaçada ou vulnerável que houver por aí", afirmou.
(Estadão Online,
Ambientebrasil, 27/10/2007)