Na segunda-feira (15/10) um grupo de 15 homens armados invadiram, às seis horas da manhã, a aldeia Lagoa Comprida, na terra indígena Araribóia, no município de Amarante, região centro-oeste do Maranhão. Mataram Tomé Guajajara, de 60 anos e deixaram dois baleados: Madalena Paulino Guajajara, baleada no pescoço, e Antônio Paulino Guajajara, com um tiro no braço direito.
Segundo informações do chefe de posto da Fundação Nacional do Índio (Funai) na área, os invasores já chegaram atirando contra os indígenas, cinco deles foram feitos reféns e levados a um campo de futebol, onde foram ameaçados com tiros para o alto. Tomé Guajajara reagiu baleando um madeireiro e foi morto com 6 tiros. Logo depois, os invasores fugiram ameaçando voltar e matar todos.
A ação foi uma represália dos madeireiros contra os Guajajara que, no início de setembro, apreenderam um caminhão madeireiro que transitava dentro da terra indígena. Na mesma semana os madeireiros procuraram os indígenas e tentaram recuperar o caminhão oferecendo mil reais. Os indígenas se recusaram a negociar e comunicaram o fato à Funai. Mesmo sabendo da apreensão do caminhão pelos indígenas e do risco de conflito que isso representava a Funai deixou que passasse mais de um mês sem que nenhuma providência fosse tomada.
Missionários do Cimi que foram até a aldeia, encontraram a comunidade abandonada. “Não há ninguém da Funai e a polícia federal esteve lá, mas já saiu”, disse um dos missionários. Eles relataram que os índios estão apavorados e que, com o perigo de um novo ataque, muitos fugiram para a cidade. “Uma mulher ficou tão desesperada que se escondeu na mata com o filho recém-nascido e só foi encontrada dois dias depois”. A equipe do Cimi na região avalia que se não for tomada nenhuma medida de proteção à comunidade, a tendência é que o conflito se acirre ainda mais com conseqüências desastrosas.
Já é antiga a situação de conflito entre povos indígenas e madeireiros na terra indígena Araribóia. Desde o início da década de 1980 essa terra sofre com a invasão e a exploração madeireira. Segundo informações da comunidade da aldeia Lagoa Comprida, no ano de 2002 o indígena Kelé Apolinário, 55 anos, morador da aldeia Abraão (localizada na mesma terra indígena) foi encontrado morto dentro da mata. Os índios suspeitam que a morte aconteceu em decorrência da ação de madeireiros, mas o caso nunca foi investigado.
Na mesma terra, indígenas do Povo Awá Guajá também sofrem com a exploração madeireira. Em 2003 o corpo de um indígena desse povo foi encontrado na mata. A suspeita dessa vez é de que ele teria morrido de sede já que as fontes de água da região estão secando em função do desmatamento provocado pela ação das madeireiras.
Os dois indígenas baleados foram atendidos e estão na aldeia. Não correm risco de vida.
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Cimi, 18/10/2007)