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ceclimar
2007-10-26
Na sua origem o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), localizado no litoral norte do RS, no município de Imbé, a 130 Km de Porto Alegre, foi idealizado para o Ensino, Pesquisa e Extensão. Com o passar do tempo ele conquistou a confiança da comunidade e desde então, passou a ser solicitado. Atualmente ele faz parte do Conselho Regional de Desenvolvimento do Litoral Norte (Cored), tem assento no Comitê da Bacia do Litoral Norte, atua no Fórum dos Pescadores e, freqüentemente é consultado pelo Ibama e pelo Ministério Público, o que prova o reconhecimento e a seriedade com que os órgãos o enxergam.

Contudo, na maioria dos casos são atribuídas exigências ao Centro que não são da sua competência, e o incentivo não cresce proporcionalmente aos encargos. Ano passado quando houve um derramamento de petróleo provocado por uma plataforma da Petrobrás, 80 pingüins foram levados para lá. “Muitos profissionais trabalharam voluntariamente nessa operação. Cuidamos de todos, mas essa não é nossa função”, adverte a secretária-administrativa, Marlene Jung.

Vinculado ao Instituto de Biociências da UFRGS, o Centro que completará 30 anos em maio de 2008, inicialmente buscou recursos e organizou o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos (Ceram), que conta com um laboratório veterinário, sala de necropsia e viveiros. Neste local é onde vive um dos personagens mais queridos e visitados pelos turistas.

Pesado também no bolso
“Tchibuuum! ‘é o barulho que o Gordo, como foi carinhosamente batizado, faz ao cair na piscina para a alegria dos observadores. É água espalhada para todos os lados quando o leão marinho de 250 Kgs e 2 m de comprimento se movimenta de forma desajeitada pela piscina de água doce.

Atração principal do Centro há 5 anos, hoje saudável e bem alimentado com 16 Kgs de peixe por dia, oito pela manha e 8 pela tarde, o jovem não pode mais ser reintroduzido ao seu habitat natural. “Ele se acostumou a receber o alimento; agora seria uma presa fácil para os predadores naturais, os tubarões e as baleias-orca”, explica a estudante e monitora, Danuza Ribeiro, de 20 anos. Em cativeiro essa espécie vive por no máximo 18 anos, já no oceano a perspectiva de vida sobe para 25.

Nem de longe ele lembra o filhote desnutrido de míseros 27 Kgs e 1m quando da primeira aparição. Depois de receber tratamento e ser liberado ao mar, voltou outras vezes, até que na última foi trazido muito debilitado pela Patrulha Ambiental. O animal estava machucado e enfraquecido, com sinais de pancadas na cabeça, arranhões, cortes na boca e com apenas 30% da visão. Havia perdido muito sangue durante as tentativas de ingressar num grupo que voltava para as águas geladas subantárticas.

“Pelas marcas de dente ficou claro que não se tratava de redes de pesca. Ele era inexperiente, curioso, como um malandrinho criado em apartamento que tentou entrar num bando grande que já se conhecia, mas não foi aceito”, narra o técnico em agropecuária, Cláudio Jair Ribeiro Hilário, 44 anos. “Para nós não havia outra saída, era adotar ou sacrificar”, pontua.

Os cuidados com o Gordo são de fazer inveja. A piscina foi ampliada três vezes e a água doce é trocada diariamente, mas para que a salinidade do corpo seja mantida é injetado remédio no peixe. “Ele é nosso animalzinho de estimação. Vem meu véio, vem!”, grita Danuza, batendo com o pescado no chão. “Ele não gosta muito de tainha, prefere savelha, mas está em falta na região,” explica a estudante de Biologia, enquanto o leão marinho, que reconhece as vozes dos tratadores, aproxima-se devagarinho, fazendo birra para comer.

Logo ao lado encontra-se o minizoológico que abriga espécies da fauna silvestre nativa, como tartarugas, cágados, jabutis, marrecos, garças, ratões do banhado, lontra, capivaras e um macaco-prego. Pavões, gansos e sagüis também dividem harmoniosamente o espaço.

Hilário, um homem simples de corpo franzino, vestido com uma jaqueta jeans surrada, tem uma intimidade visível com cada animal, adquirida pelo convívio diário ao longo de 18 anos no Ceram e 23 no Ceclimar. Ele conta que o Centro acabou tranformando-se num hospital veterinário para onde são levados os bichos achados na orla. “As pessoas ligam dizendo que tem uma foquinha na praia. Mas muitas vezes o animal está apenas descansando ou tomando sol; eles costumam dormir na areia por até 72 horas antes de prosseguirem viagem. Nós explicamos, então, que ele só deve vir para cá se estiver precisando de cuidados”. Outra orientação dada aos veranistas é evitar tocá-los, porque eles podem estar doentes ou feridos, provocando contaminações.

Recursos minguam
Assim, os gastos preocupam a direção, que precisa pedir ajuda em muitas partes. Em todo o Ceram são gastos R$ 3 mil mensais. Somente a alimentação do Gordo consome R$ 1.200,00, mas a verba fixa recebida da União é de R$ 1.800. “É claro que a gente não sobrevive com isso; seguidamente pedimos reforço de cota à Reitoria de Planejamento em Porto Alegre para os gastos mais elevados”, adianta-se a diretora do Ceclimar, Norma Luiza Würdig, que está no Centro desde a época de estudante.

Para tentar sair do aperto, o Museu cobra uma taxa de visitação de R$ 3 por pessoa e promove cursos de extensão, visitas monitoradas e programas de educação ambiental para as Escolas. Com isso, a Instituição consegue uma arrecadação anual de R$ 25 mil. A secretária-administrativa esclarece que o orçamento sofre variações sazonais. “Os cursinhos são a nossa safra gorda e os meses de outubro a marco são os melhores, mas os nossos gastos também são altos”, desanima-se a funcionária que há 24 anos cuida das contas da Casa.

Para completar, a máquina burocrática do Estado não ajuda. “Se depositamos nossa arrecadação na Fundação, que é uma gerenciadora dos recursos, sofremos um desconto de 30% nos valores. Já se depositarmos na Universidade não temos desconto, mas tudo entra no processo de compra da União e os fornecedores nem sempre têm a documentação exigida. Para a compra de material também pagamos de 30 a 40% mais caro em cada produto” relata Marlene.

Entre as despesas fixas estão a manutenção geral dos prédios, os serviços de higiene e limpeza, remédios, alimentação dos bichos, Museu, graduação e material de escritório. A diretora comenta que, para honrar os compromissos, o Centro arrecada verba via Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap) da Presidência da República, prefeituras e empresas, como a Transpetro. Ainda assim, a Universidade colabora quase todos os meses com uma taxa extra.

Estudos e projetos desenvolvidos
É vasta a atividade acadêmica realizada no Centro. Já são centenas de dissertações, teses, capítulos de livros publicados em revistas cientificas sobre o litoral Norte. Entre os projetos integrados destacam-se: “Zoneamento ambiental da porção sul da Bacia do Rio Tramandaí: sistema flúvio-lacustre”; o “Corredor ecológico integrado do Litoral Norte” e “Estudos ambientais em áreas costeiras e oceânicas na região sul do País – Biologia e Química – Tramandaí – RS, este último feito num convenio entre a Petrobrás, Furg, Ufrgs e Fapeco.

Desde julho deste ano, o Centro vem desenvolvendo um projeto sobre o controle da qualidade da água em toda a Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí, viabilizado através do convenio de R$ 320 mil, assinado pela Seap. O estudo também ira se deter na reprodução da tainha e da traíra, a pedido dos próprios pescadores, pois são as espécies mais comercializadas na região. “Sempre há uma preocupação nossa em manter os vínculos com a comunidade, fazendo projetos que sejam do interesse deles, que possam beneficiá-los”, observa Norma.

Apesar das dificuldades, o empenho e dedicação dos professores foi fundamental para o desenvolvimento dos cursos. Não esmorecia os ânimos dos docentes ter de deslocar-se de Porto Alegre para a praia a fim de ministrar aulas em horários alternativos, à noite e aos sábados e domingos. “Perdemos colaboradores pela política de salários. O mercado lá fora remunera mais e dá melhores condições de trabalho. Temos um número pequeno de técnicos com nível superior. Ainda assim, o diferencial do Ceclimar é seu corpo de profissionais, que ama aquilo que faz”, destaca com orgulho a diretora.

Serviço:
Ceclimar
Avenida Tramandaí, 976 – Imbé, Rio Grande do Sul
3627-1309 / 3627-5384
E-mail: ceclimar@ufrgs.br
De março a dezembro funciona de segunda à sexta-feira das 8:30h às 11:30h e das 14:00h às 17:00h. Em janeiro e fevereiro, de terça a domingo, das 15:00h às 19:00h.

(Por Adriana Aguero, AmbienteJÁ, 25/10/2007)

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