A exemplo de outros estados brasileiros, o Rio Grande do Sul também busca a expansão do cultivo de cana-de-açúcar à produção de álcool e açúcar. Desde o mês de maio, a Embrapa Clima Temperado de Pelotas em conjunto com a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) e outras 20 entidades tais como instituições de pesquisa, cooperativas, fundações e universidades desenvolvem projeto de pesquisa com 220 materiais testados, clones e variedades de cana-de-açúcar, no intuito de viabilizar a cultura para produção sustentável de álcool e açúcar.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Sérgio Delmar dos Anjos e Silva, entre estes materiais, 32 já foram selecionados por apresentar maior tolerância ao frio para germinação. Segundo o pesquisador, o projeto envolve diversas etapas, até a fase industrial e a parte agrícola está apenas no começo, com a realização de ensaios destas variedades em dez municípios gaúchos, tais como São Luiz Gonzaga, São Borja, Porto Xavier e entorno. O plantio foi realizado no mês de setembro deste ano.
Região Sul possui iniciativas isoladasNos municípios da Zona Sul, entre as iniciativas para fomento da atividade, está a da Emater de Amaral Ferrador, que segundo o técnico Evandro Escariote, ainda é incipiente e atinge área inferior a um hectare, com produção em torno de duas toneladas. "O projeto está em estágio inicial e há municípios como Cristal e São Lourenço, que possuem área maior com a cultura", diz. Segundo ele, nestes municípios, o produto é destinado à produção de cachaça artesanal. "A nossa expectativa é de que para o ano que vem o projeto ganhe corpo a partir da multiplicação de mudas de cana resistentes à geada adquiridas de produtores do município de Cristal".
Produção brasileira cresce 8,1%Segundo o IBGE, em 2006, o Brasil ampliou a produção de cana-de-açúcar em 8,1%, em relação ao ano anterior e alcançou 457.245 toneladas. Além do incremento da produção, a crescente demanda por álcool no mercado interno e externo influenciou no preço do produto e levou a crescimento de R$ 3,8 bilhões (29%) no valor da produção, que atingiu quase R$ 17 bilhões em 2006. A área também cresceu nos últimos anos e ultrapassou os seis milhões de hectares, em 2006.
São Paulo, responsável por 58,8% da safra nacional, teve crescimento de 5,6% na produção, principalmente pela incorporação de mais 200 mil hectares ao processo produtivo, crescimento de 6,5% em relação a 2005. O estado possui também a maior produtividade média (81.936 quilos por hectare), bem acima da média nacional, que foi de 74.418 quilos por hectare.
Entre os estados, Minas Gerais apresentou o maior crescimento (26,9%) entre 2005 e 2006. O mercado favorável intensifica as atividades nas usinas existentes e o surgimento de novas e favorece a expansão da produção, tanto que Uberaba, com 36 mil hectares foi o décimo maior produtor de cana-de-açúcar em 2006, com crescimento de 61,1% em relação ao ano anterior.
O município paulista de Morro Agudo é o maior produtor nacional de cana, com 7,8 milhões de toneladas, o que representa 1,7% do total nacional. Dos 20 maiores municípios produtores, 16 estão em São Paulo. Alguns deles apresentam forte crescimento em relação a 2005, como Olímpia e Penápolis, que aumentaram o valor da produção em 40% e 68,5%, respectivamente.
O Rio Grande do Sul possui área de plantio de apenas 30 mil hectares, rendimento agrícola médio de 28 toneladas por hectare e apenas uma unidade produtora, a da Cooperativa dos Produtores de Cana de Porto Xavier (Coopercana).
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Diário Popular, 26/10/2007)