Caxias do Sul - Cerca de 200 pessoas lotaram a sala de cinema e parte do saguão do Centro de Cultura Ordovás, na noite de ontem, para opinarem na audiência pública sobre a área para construção do novo aterro sanitário da cidade. A empresa Profill Engenharia e Ambiente, contratada pela prefeitura para estudar a região, apresentou uma área de 70 hectares, na localidade do Apanhador, como a mais viável para o empreendimento.
O estudo de campo, descrito pela empresa, foi realizado em 13 áreas em um raio de 35 quilômetros do Centro. Levando em consideração características como a geologia dos terrenos, distância de áreas residenciais, de estradas e de bacias de captação de água, os técnicos apontaram como ideal uma área de Apanhador distante 3,4 quilômetros das obras do novo presídio. O terreno teria capacidade para receber o lixo de Caxias por pelo menos 30 anos.
Na sua vez de falar, populares, na sua maioria moradores das imediações, protestaram com argumentos ligados à questão ambiental. Todos os questionamentos foram refutados pela Profill, que defendeu tecnicamente a definição do local. Em meio às manifestações calorosas do público e das respostas técnicas da empresa, o biólogo da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) Clébis Pinheiro pediu a palavra e resumiu o impasse:
- Gente, a área que está sendo apresentada é a menos pior. É a que menos trará impacto. Caberá à prefeitura fazer um projeto de implantação e trabalhar com muito cuidado para não haver riscos de contaminação.
A partir da audiência de ontem, a Fepam abrirá um processo administrativo interno para avaliar os argumentos da população. Sem prazo definido, o órgão entregará à prefeitura uma licença prévia. O documento terá uma série de exigências para a finalização do projeto. Depois disso, a Fepam ainda decidirá sobre a licença de instalação, o que liberaria o início das obras. Para começar a funcionar, o aterro passará por uma outra vistoria rigorosa até conseguir a licença de operação. Caso não haja imprevistos no processo, o novo aterro deverá iniciar as atividades no início de 2008.
Depois da implantação do novo depósito de resíduos, o atual, localizado em São Giácomo, entre os bairros Cidade Nova e Reolon, será desativado. A idéia da prefeitura é construir no antigo aterro um parque de lazer, quando o terreno parar de emitir gases e não oferecer risco de contaminação. Segundo a Profill, parte da área será utilizada como estação de transbordo do lixo de caminhões de coleta para carretas, diminuindo o fluxo de veículos para o Apanhador.
Indefinição já dura anosA busca de um local para substituir o aterro São Giácomo iniciou em 2003. Pelo menos 40 áreas foram analisadas durante cerca de cinco anos. Após estudos de impacto urbano e ambiental, as duas áreas do Apanhador e a de Tabela, em Vila Oliva, restaram como as melhores opções.
Como será o novo aterro- O lugar terá uma área de cerca de 70 hectares (aproximadamente 85 campos de futebol). O aterro atual, localizado em São Giácomo, tem 12 hectares
- O projeto de construção está baseado em recomendações mundiais sobre meio ambiente
- Em vez de ser cavado um buraco na terra, o lixo será colocado sobre a superfície, devidamente isolada. Os resíduos serão depositados até formarem montes, quando serão isolados novamente e cobertos com terra e vegetação
Aterro sanitário
- Uma das camadas de isolamento funcionará como dreno. Todos os líquidos liberados durante a decomposição do lixo orgânico escorrerão para uma estação de tratamento, que separará os resíduos da água
- No novo aterro também será construída uma estação de compostagem, que transformará resíduos orgânicos em adubo
- Se a licitação ocorrer dentro dos prazos previstos, até o final de 2008 o novo aterro já deve estar funcionando
- A obra deve custar R$ 10 milhões e irá resolver os problemas do lixo de Caxias pelos próximos 30 anos
O local- O aterro será construído em uma das áreas na localidade do Apanhador, nos fundos da obra do novo presídio regional
- A outra área, localizada a cerca de um quilômetro de distância, já foi declarada de utilidade pública e poderá servir de extensão do aterro, ou base para novos empreendimentos, como uma usina de biogás
- Juntas, as duas áreas somam quase 500 hectares, mas não significa que todo esse espaço seja ocupado
- O acesso ao lugar é pela estrada lateral esquerda ao presídio, cerca de dois quilômetros da Rota do Sol
Fonte: Semma(
Pioneiro, 26/10/2007)