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2007-10-26
O secretário municipal de Obras e interventor da Corsan em Cachoeira do Sul, Hélio Merca-dante, conversou pessoalmente na tarde de quarta-feira com o presidente da estatal, Mário Freitas. Em quase uma hora de diálogo, em Porto Alegre, Freitas e Mercadante trataram da intervenção que foi decretada pela Prefeitura, terça-feira. O interventor considerou o encontro amistoso e aceitou adiar para segunda-feira a sua primeira visita oficial em busca de informações. Em troca, Freitas admitiu receber ainda hoje os primeiros questionamentos que serão feitos sobre o sistema da Corsan em Cachoeira do Sul. “Não vejo problemas em ir até a Corsan apenas na segunda-feira, pois o que realmente estamos querendo estará sendo providenciado a partir de amanhã”, avaliou Mercadante no final da tarde de ontem.

O presidente da Corsan, Mário Freitas, reafirmou em entrevista ao Jornal do Povo que não há nenhum problema em apresentar para a Prefeitura os dados solicitados. Quanto a aceitar ou não a intervenção, da forma como ela foi imposta pela Prefeitura, a resposta será dada até segunda-feira. “O decreto é bem mais forte do que as justificativas apresentadas pelo secretário Hélio Mercadante. O nosso departamento jurídico está avaliando a documentação e deveremos ter uma posição até segunda-feira. Qualquer recurso não afastará a possibilidade de esclarecer todas as dúvidas da Prefeitura. O nosso interesse é continuar prestando um bom atendimento”, destacou Freitas, renovando a intenção de manter a Corsan em Cachoeira do Sul. As exigências do decreto que tratam do dinheiro arrecadado com as faturas, valor que deverá ser colocado em uma conta específica criada pelo Município, é que deixou a Corsan em alerta e receosa em aceitar a intervenção.

EQUÍVOCOS
Enquanto Corsan e Prefeitura caminham para uma intervenção amigável, o presidente do Sindicato dos Funcionários da Corsan (Sindiágua), Rui Porto, mandou ontem e-mail ao JP criticando o prefeito, a direção da Corsan e até o jornal. Entre suas ponderações, Porto declara que a direção da estatal cometeu equívocos ao “ficar na defensiva por tanto tempo, por ter entrado no jogo do diálogo unilateral, através dos jornais, por não ter adotado medidas mais positivas e por não ter anunciado em tempo as obras necessárias a maior qualificação do atendimento à população”. Ao jornal coube a crítica por afirmar que o contrato existente entre Prefeitura e Corsan é clandestino, termo que resume o documento que foi assinado na surdina, na véspera de Natal e sem licitação. Para Marlon ficou a crítica por ele ter tomado decisões unilaterais e por estar interessado no lucro da Corsan.

O que a Prefeitura quer com a água?

Os elevados lucros da Corsan em Cachoeira do Sul despertam o interesse dos administradores municipais há pelo menos quatro mandatos. Os ex-prefeitos Ivo Garske e Pipa Germanos também estudaram fazer o que Marlon está fazendo. Garantir que fique em Cachoeira do Sul uma maior fatia dos lucros obtidos pela Corsan é o grande desafio. Para isso, Marlon decretou a intervenção, onde pretende ter informações precisas sobre o sistema, seus gastos e lucros. O passo seguinte será a retomada do sistema para fazer uma licitação obedecendo todas as etapas legais, onde ganhará a concessão o prestador de serviço que oferecer mais vantagens para o Município. A ampliação da rede de coleta e tratamento de esgoto, garantia de abastecimento ininterrupto de água com qualidade e menor custo dos serviços são as bandeiras do prefeito Marlon Santos.

Importante

O presidente da Corsan, Mário Freitas, explicou ontem que os planos de investimento da estatal são definidos para períodos de quatro em quatro anos. Ele não soube precisar quais as obras estão reservadas para Cachoeira e nem o que será planejado para o próximo período. Freitas destacou que nos 319 municípios atendidos pela Corsan a maior reivindicação é para ampliação da rede de tratamento de esgoto. “Em Cachoeira do Sul, o tratamento de esgoto chega a 30%, enquanto a média estadual é de 13%. Esgoto é um investimento que não dá retorno financeiro, ao contrário da distribuição de água. É por isso, que nos últimos anos a Corsan optou por atender mais na área do abastecimento de água. As obras em esgoto estão retornando graças ao Programa de Aceleração do Crescimento, que usa regras do Governo Federal para a destinação dos R$ 253 milhões que teremos para aplicar”, frisou Freitas.

ATENÇÃO

Cachoeira do Sul, apesar de ser uma das cidades que garantem maior lucro para a Corsan no Rio Grande do Sul, segundo estimativa do prefeito Marlon Santos, está de fora dos investimentos do PAC. O motivo são os critérios do Governo Federal, onde só poderão usar os recursos as cidades com mais de 150 mil habitantes, municípios da região metropolitana e as bacias do Sinos e Gravataí.

(Jornal do Povo, 25/10/2007)


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