O fogo continua destruindo a fauna e a flora em oito municípios da Chapada Diamantina e pelo 13º dia consecutivo, brigadistas, voluntários e bombeiros lutam contra as chamas quase de mãos vazias. A situação mais crítica até ontem à noite era registrada em Piatã, a 580 km de Salvador, e Livramento, distante 720 km da capital. No entanto, como o clima continua seco e quente, diversos outros focos são descobertos a todo momento.
Outro ponto crítico fica no município de Abaíra, que abriga a nascente do Rio de Contas, dentro dos limites da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie). Além destes locais, Palmeiras, Lençóis, Ibicoara, Igatu e Andaraí estão sendo atingidas por focos esporádicos. A suspeita é que os incêndios sejam criminosos e provocados por garimpeiros, caçadores ou proprietários de terra, que usam o fogo para limpar a área.
Em Piatã, o fogo se espalha pelas serras do Falhado e Boca da Mata, e teria iniciado em uma propriedade às margens da estrada que liga o município a Mucugê. Apesar do esforço contínuo de oito voluntários e cinco bombeiros, o combate às chamas é prejudicado pela falta de equipamentos. Além de uma bomba manual com capacidade para 20l de água, cada brigadista leva apenas um abafador de borracha para tentar extinguir as chamas com a força do próprio braço.
Como a distância entre os focos também é grande e o acesso às serras é difícil, a eficiência do trabalho é quase nula. “O trabalho não rende, pois a gente demora quase duas horas caminhando para chegar ao fogo e depois precisa caminhar mais um hora para encontrar outro foco. Precisamos de uma aeronave”, suplicou Felipe Toé, presidente do Instituto Sociocultural e Agronegócio da Chapada Diamantina (ISA), instituição sem fins lucrativos responsável pela brigada de combate a incêndios de Piatã. A aeronave seria vital para diminuir o tempo de deslocamentos dos voluntários e poderia ser usada também no combate direto.
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Correio da Bahia, 25/10/2007)