Reunião na Fiesc conclui que geração de energia precisa dobrar O risco de um novo apagão energético no Brasil, a exemplo do que ocorreu em 2001, é inevitável e deve acontecer num curto prazo. Esta é o alerta dos principais especialistas em barragens que se reuniram ontem na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc).
Para eles, o Brasil não tem condições de suprir as necessidades de geração de energia. O grupo estará reunido até amanhã no 3º Simpósio sobre Barragens com Face de Concreto, que reúne representantes de 23 países. Mesmo com 90% das 60 barragens em construção no Brasil, voltadas à usinas hidrelétricas, o país está fadado a ter um colapso de crise energética nos próximos anos.
O engenheiro e consultor internacional, Nelson Pinto, um dos maiores especialistas em barragens do mundo, abriu o encontro, que vai discutir a construção de barragens, com blocos de rochas retirados das próprias escavações e concretado.
Segundo Pinto, a economia do Brasil cresce de 4% a 5% ao ano e não existe, no entanto, estrutura para gerar energia num ritmo acelerado.
- Para acompanhar o crescimento econômico, o país deveria produzir 4 milhões de megawatts de energia e ter, em construção, usinas para gerar uma capacidade de 20 milhões de megawatts para atender os próximos 25 anos. Mas, hoje, a capacidade não passa de 2 milhões, em média.
Presidente do Comitê Brasileiro de Barragens, Edilberto Maurer, têm a mesma opinião e ressalta que as usinas em construção não serão suficientes para evitar um novo apagão.
- Precisamos duplicar esta capacidade de energia instalada. O apagão é inevitável. A grande dúvida é quando irá ocorrer - alertou.
Santa Catarina tem um forte potencial
Ele acredita no potencial catarinense para a construção de novas barragens, como a de Paiquerê, que ainda espera o licenciamento ambiental. Também vê o Sul como mercado para a construção de barragens de concreto, uma das alternativas para eliminar o pesadelo do apagão.
- O Brasil explora seu potencial em hidrelétricas com um grande futuro para a região Norte. Mas o Sul ainda têm um grande potencial. Em Santa Catarina, por exemplo, varias bacias não foram exploradas - comentou.
Nelson Pinto destaca que, pelas constantes chuvas, a região Sul é ideal para este tipo de construção.
O ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, garantiu, em agosto, durante reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não faltará energia.
O diretor regional da Engevix, empresa que organiza o simpósio, Lailton Xavier, lembrou que o Estado têm atualmente uma série de empreendimentos na geração de energia.
- Temos um potencial hidrelétrico muito grande, com rios de vazões importantes, topografia, e geografia privilegiada que resulta num baixo impacto ambiental, com as condições ideais para esse tipo de obra.
(Por Ariadne Niero,
Diário Catarinense, 26/10/2007)