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2007-10-26
Quem diria que o reaproveitamento de lixo poderia se tornar um excelente negócio? Essa prática já é uma realidade, não só pela busca de novos nichos de mercado, mas pela necessidade de melhor destinação para os dejetos gerados pela população e pelas empresas. Utilizar resíduos como matéria-prima de novos produtos, além de gerar empregos e renda, contribui com a preservação do ambiente. Mas, apesar de ser um mercado promissor, os empresários gaúchos esbarram em dificuldades. Entre elas o mapeamento das empresas que se disponibilizem a armazenar os resíduos até o recolhimento, garantindo o fornecimento de matéria-prima. Mas, o maior gargalo, é a operacionalização da logística. Encontrar uma fórmula economicamente viável para o recolhimento e transporte do lixo até as recicladoras, é, ainda, o principal desafio.

Assim como é crescente o número de empresários interessados em utilizar o lixo como matéria-prima, também aumenta a quantidade de empresas preocupadas com a busca por soluções para o descarte dos seus resíduos. O problema é que, muitas vezes, o interessado em doar o resíduo, não sabe quem são, e onde estão as empresas que desejam aproveitar o material que seria descartado como lixo. Foi para contornar esse problema e facilitar a comunicação entre os interessados que a Fiergs lançou o Banco de Resíduos.

O objetivo da iniciativa é descobrir idéias e projetos de reaproveitamento de dejetos industriais e estimular a implantação destes processos nas empresas. "Nosso lema é transformar resíduos em riqueza", afirma o coordenador-técnico do Banco de Resíduos da Fiergs, Luiz Rebouças. O banco faz parte do Projeto dos Bancos Sociais, promovido pelo Conselho de Cidadania da Fiergs, e visa propor ações que resolvam o problema ambiental e, ao mesmo tempo, gerem emprego e desenvolvimento sócio-econômico.

Rebouças lembra que outra grande preocupação dos empresários que querem investir na reciclagem de resíduos é com a garantia da matéria-prima. É por isso que o banco também está permanentemente buscando localizar empresas interessadas em doar ou receber materiais que iriam para lixões ou aterros sanitários, mas que podem ser reciclados e fazer a intermediação entre elas.

Para facilitar ainda mais o intercâmbio entre as empresas, o Banco de Resíduos lançou, há cinco meses, a bolsa de recicláveis. Trata-se de um portal na internet (www.bolsadereciclaveis-rs.com.br), onde as empresas podem oferecer ou procurar vários tipos de resíduos industriais. O ambiente virtual - que permite, compra, venda e troca de resíduos -, facilita a negociação entre as empresas, pois muitas vezes o que será descartado por determinada indústria pode ser a matéria-prima de outra.
Segundo Rebouças as bolsas de recicláveis estão virando epidemia nacional. Vários estados estão adotando a idéia a ponto de as federações das indústrias estarem discutindo a possibilidade de unificar as bolsas de todo o Brasil. O portal prevê três tipos de ambientes. O primeiro, para prospecção, contém informações livres e está acessível a qualquer pessoa. O segundo ambiente, possui informações restritas às empresas cadastradas e o acesso se dá através de uma senha específica. Por fim, há ainda um ambiente de administração voltado para os membros da equipe de gestão da bolsa de recicláveis. A bolsa também disponibiliza artigos técnicos e boletins informativos.

Ecco Rubber investiu para reaproveitar pneus

A aposta de que a reciclagem pode dar bons frutos levou o empresário Carlos Henrique D'Avila, a investir R$ 8 milhões na montagem de uma indústria, onde serão reaproveitados 576 pneus por dia. A empresa Ecco Rubber Indústria Recicladora, será a primeira do Sul do Brasil a dar reaproveitamento para 100% dos materiais que compõem os pneus - borracha, nylon e aço -, não somente a borracha, como acontece na maioria das empresas. Isso graças à uma máquina, adquirida na Itália, composta por 18 equipamentos onde a matéria-prima passa por vários processos de trituração e separação. No final do ciclo, a borracha sai em pó ou pequenos grãos e o aço e o nylon, em pequenos fragmentos.

A usina será construída em uma área de seis hectares no município de Triunfo e terá capacidade para reciclagem de 2 toneladas de pneus por hora. O início das obras de construção dos dois pavilhões da indústria, que devem totalizar 10 mil m2, depende ainda da liberação de licença ambiental de instalação por parte da Fepam. O início das atividades está programada para janeiro de 2008. A partir do sexto mês em operação a usina deve operar nos três turnos, e para isso serão contratados 106 funcionários.
Além de gerar empregos, o ganho para o ambiente é inegável, já que 42 milhões de pneus anualmente são descartados como inservíveis, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Pneus (Anip). Estudos indicam que o processo de decomposição de cada pneu leva 150 anos liberando gases tóxicos na atmosfera, poluindo o solo e os lençóis freáticos. D'Avila conta que a necessidade de as empresas encontrarem alternativas para a destinação adequada dos resíduos industriais foi fator determinante para escolha do investimento. "Hoje muitos pneus velhos que acabam tendo como destino lixões, fundo de borracharias e arroios ganhariam uma aplicação ecologicamente correta", destaca.

Outra vantagem é que a abertura do negócio não requer investimentos tão elevados quanto seria o caso se a opção fosse uma empresa de tecnologia. "É um negócio extremamente rentável, porque estaremos transformando lixo em produto reaproveitável. E o melhor: não pagamos pela matéria-prima", destaca D'Avila. O empresário afirma que existem outros nichos interessantes, como a reciclagem de componentes de refrigeradores, de computadores e de plástico. Apesar de ser um bom negócio, o custo logístico do recolhimento dos pneus pode ser um grande problema para o sucesso da empresa. Tanto que a escolha do local para instalação da indústria foi estratégico. "Escolhemos Triunfo porque o município e o seu entorno concentram, em um raio de 120 quilômetros, 72% do consumo de pneus do Estado", justifica D'Avila.

Para tornar viável os custos operacionais do recolhimento dos pneus, a logística de recebimento de materiais será feita através de quatro procedimentos. Primeiro, com a utilização de ecopontos, idéia que ainda está em fase de projeto. Depois de implantados eles servirão como concentradores de materiais recicláveis - pneus, baterias de celular, papelão, lâmpadas fluorescentes -, facilitando a logística dos recicladores. Além da coleta nos ecopontos, a Ecco Rubber também pretende fazer parcerias com prefeituras e empresas de coleta de lixo, e firmar contratos com empresas de comercialização, recapagem e importação de pneus. Por último, a recicladora também pretende fazer coleta em borracharias, pequenas lojas de pneus e empresas produtoras de resíduos de borracha, seguindo roteiros que otimizem a operação.

O produto resultante da reciclagem dos pneus descartados pode ser usado como matéria-prima para a fabricação de utensílios de borracha como tapetes, paletes, coxins automotivos, correias automotivas e industriais, tijolos para queima em caldeiras, tubos, retentores para motores, bombas, encanamentos, solados para calçados, revestimentos de peças metálicas, e pneus para carros de mão. O preço da tonelada de borracha reciclada varia de R$ 250,00 a R$ 750,00 e são necessários 42 pneus para atringir esse volume.

Ecológica coleta óleo de cozinha usado

A logística também é maior preocupação da Ecológica Coletas, empresa, que recicla óleo de cozinha utilizado na fritura de alimentos, e que possui mais de dois mil pontos de recolhimento cadastrados. De acordo com o gerente-operacional da Ecológica, Paulo Roberto Gonçalves Lobato, o mais difícil em toda a operação é identificar quais são os potenciais pontos de fornecimento e convencer os administradores a armazenarem o óleo até a coleta. A empresa recolhe em média três mil litros de óleo por dia em locais como bares, restaurantes, condomínios e shoppings. Na maioria dos casos, o volume mínimo é de 50 litros, exatamente para compensar a logística. Mas, a regra não é rígida. Pontos com volumes menores, se estão dentro de algum roteiro acabam tendo recolhimento.

A empresa possui 20 rotas pré-determinadas, mas percorre, em média, quatro por dia. Lobato explica que o consumo de óleo varia muito, de acordo com a estação do ano e o tempo. "A logística é uma necessidade, precisa estar bem azeitada, senão o custo do recolhimento fica inviável", destaca Lobato. A definição das rotas leva em consideração os dias em que os estabelecimentos fazem as trocas do óleo. O objetivo é retirar o resíduo o mais breve possível. "Procuramos fazer retirada do produto usado em no máximo 48 horas", afirma. Lobato conta que trabalha com a reciclagem do óleo vegetal há 11 anos.

Para ele, atualmente é o momento em que está havendo uma consciência maior da população sobre a necessidade descartar corretamente o óleo usado. Se for jogado fora, o produto acaba com a fertilidade do solo por pelo menos oito anos, explica Lobato. Sem contar que um litro de óleo polui um milhão de litros d'água. "Nós recolhemos 80 mil litros de óleo por mês. Todo esse material seria jogado no Guaíba", diz. No tratamento da água, feito principalmente por decantação, o óleo é um dos mais difíceis de ser retirado, pois a gordura se mantém na superfície. Outro aspecto importante é que até chegar aos rios, o óleo que circula pelo bueiros impregna os dejetos.

Estes materiais aderem um ao outro, graças à gordura, e acabam entupindo os bueiros e provocando alagamentos em dias de chuva forte. A novidade da Ecológica é a coleta em 30 condomínios, onde a empresa oferece vasilhas para a coleta. "Nossa idéia é ganhar dinheiro preservando a natureza", destaca, embora a empresa ainda não possua volume suficiente para ter lucros, meta que deve ser atingida em dois anos. "É muito difícil mudar um comportamento coletivo da noite para o dia". O mais importante é conscientização da população e do governo. No caso do poder público, Lobato critica a cobrança da alíquota de 17% de ICMS sobre os produtos reciclados.

Ecoserviços faz gestão de produtos reaproveitáveis

Apesar da importância da preservação do ambiente, muitos executivos ainda não têm conhecimento sobre a destinação correta, os cuidados com a logística e as possibilidades de aproveitamento dos resíduos gerados em suas empresas. É exatamente neste nicho de mercado que atua a Ecoserviços. A empresa localizada em Cachoeirinha, faz a gestão de resíduos classe 1 (contaminantes), e classe 2 (não-contaminantes), dando orientações sobre os locais corretos de descarte dos dejetos, ensina a acondicioná-los para o transporte e como proceder para obter licenças ambientais.

Há resíduos que requerem cuidados especiais, como os antibióticos, que exigem uma preparação especial na separação. O diretor da Ecoserviços, Vilmar Miguelez, diz que o profissional que vai manipular os resíduos tem de usar máscaras e roupas fechadas para evitar a inalação do pó, que pode provocar alergia. Depois de segregado, o material é prensado em equipamento com sistema de exaustão. O transporte deve ser feito em caminhão fechado com sinalização indicativa de que o veículo transporta carga perigosa. O motorista também deve ter treinamento especial para a condução da carga até o aterro especial para resíduos classe 1.

Miguelez explica que as empresas que geram resíduos com valor agregado, como papel, plástico e alumínio, podem comercializá-los. Mas, o importante é que o comprador precisa ser habilitado. "O cliente precisa ter esse cuidado, porque ele é co-responsável. Por isso, precisa saber quem está comprando o seu resíduo e se ele está habilitado a manipulá-lo", afirma. A Ecoserviços foi criada em 2003 a partir da constatação de que haveria cada vez mais necessidade de empresas para cuidar dos resíduos. "Havia uma carência de empresas especializadas na gestão ecologicamente correta. Achamos que esse seria um bom serviço, pois nossos clientes podem focar toda a atenção no próprio negócio", salienta.

(JC-RS, 25/10/2007)


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