Sempre é tentador pensar em terremoto quando você pensa no sul da Califórnia, mas o real temor lá é do fogo. O medo da atual temporada de incêndios começou em janeiro, quando foi ficando claro que o inverno de 2006-07 seria um dos mais secos da história. Os dois invernos anteriores foram os mais úmidos já vistos, e eles deixaram galhos e grama seca que agora estão sendo incinerados, criando incêndios em massa por toda a região e destruindo prédio após prédio.
O sul da Califórnia – e especialmente a área de San Diego – não precisa olhar muito para o passado para encontrar incêndios históricos: 2003. Até agora, os fogos não causaram tantos danos quanto naquele ano catastrófico, apesar de cerca de um milhão de pessoas já terem sido obrigadas a sair de suas casas. Limitar os danos depende do tempo. Quando os incêndios são tão numerosos e amplos, os bombeiros se encontram quase que completamente vencidos.
Quando os californianos falam sobre os incêndios de agora, eles mencionam a fumaça e vento, é claro, mas a palavra que eles mais usam é “estrutura”. Isso reforça o fato que por mais que o ciclo de incêndios no sul da Califórnia seja natural – uma parte da ecologia selvagem local necessária e inevitável – seu impacto econômico não é. O fogo queima onde sempre queimou, o que mudou agora é quanto os humanos construíram nas áreas de risco nas últimas décadas.
A palavra “estrutura” também é um lembrete de que os incêndios tiraram poucas vidas até agora, o que é a boa notícia no que tememos que seja uma péssima temporada.
(
The New York Times, 24/10/2007)