O aquecimento é global, mas as ações contra as mudanças climáticas têm que ser locais. O alerta é do vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), o cingalês Mohan Munasinghe.
- O aquecimento não afeta só o Brasil, mas o mundo todo. Mesmo assim, precisamos enfrentá-lo a partir de medidas locais - disse Munasinghe, durante um encontro sobre mudanças climáticas, nesta quinta-feira, no Rio. - Temos que ver os impactos em cada área e tentar nos adaptar a eles.
Adaptação e redução de impactos foram as palavras chaves do primeiro dia do encontro, que teve a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e de diversas autoridades e especialistas do setor; entre eles, a indiana Rutu Dave, também integrante do IPCC. Ela ressaltou a importância do desenvolvimento econômico em harmonia com o meio ambiente.
- Se continuarmos no ritmo atual, nos desenvolvendo e gerando grandes emissões (de gases do efeito estufa), teremos que enfrentar medidas rigorosas para reduzir esses impactos.
Na abertura do encontro, o secretário estadual do Meio Ambiente, Carlos Minc, prometeu acabar com os lixões no Rio "em quatro anos". Já a ministra Marina Silva destacou os esforços do governo brasileiro na redução do desmatamento.
- O Brasil tem tido uma mobilização significativa em relação a esse problema - disse ela, embora o Inpe tenha registrado um aumento de 107% na derrubada de árvores em alguns estados, como Mato Grosso, entre junho e setembro deste ano.
Para o vice-presidente do IPCC, proteger e aumentar as áreas verdes têm impactos em outras áreas também.
- Tornar o planeta mais verde também é bom para a economia porque cria empregos - disse ele ao GLOBO.
Sereno, Munasinghe concordou com as críticas que o IPCC recebeu de setores da comunidade científica, que reclamaram da defasagem dos dados utilizados pelo Painel em seus relatórios.
- São críticas procedentes. Mas o IPCC não produz dados. Apenas os analisa e tira conclusões. E a conclusão é que as emissões de CO2 realmente estão crescendo mais rapidamente do que previmos.
(Por Carlos Albuquerque,
O Globo, 25/10/2007)