Os catastróficos incêndios que há quatro dias devastam o Sul da Califórnia (EUA) correspondem ao que já vinha a ser previsto pelos climatologistas. "É exactamente o que tínhamos dito que iria acontecer, tanto em previsões de curto prazo para este ano quanto em relação aos padrões de longo prazo que podem ser ligados às alterações globais de clima", disse o bioclimatologista Ronald Neilson, professor da Universidade do Estado de Oregon, EUA. Os fogos na Califórnia já destruíram 1500 casas e forçaram a evacuação de meio milhão de pessoas, a maior evacuação da história do estado.
Para Neilson, "não se pode olhar para um acontecimento como este e dizer com certeza que foi causado pelas alterações climáticas". Mas, para este especialista que contribuiu com o Painel Intergovernamental de Alterações Climáticas, acontecimentos como este correspondem ao que mostram os últimos modelos de alterações climáticas, e podem ser mais uma prova de que as alterações climáticas são uma realidade, e com efeitos muito sérios."
Para Neilson, partes dos Estados Unidos podem vir a sofrer períodos de maior precipitação, seguidos de outros mais secos do que o normal: "À medida em que o planeta aquece, mais água se evapora dos oceanos e essa água tem cair nalgum lugar como precipitação", disse. "Isso pode levar, em certas alturas, a um maior crescimento da vegetação... Mas o aquecimento global e outras forças climáticas também vão criar secas periódicas. Se aparece uma fonte de ignição durante estes períodos, os incêndios podem tornar-se explosivos".
Para Neilson, "no futuro, incêndios catastróficos como o actual na Califórnia podem simplesmente ser uma parte normal da paisagem." Em estudos realizados há cinco anos, Neilson e outros investigadores da Universidade do Estado do Oregon previram que o Oeste americano poderia tornar-se ao mesmo tempo mais húmido e mais seco no próximo século, condições que iriam levar a incêndios muito maiores do que jamais foram vistos na história recente.
(CarbonoBrasil,
Ambientebrasil, 26/10/2007)