A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou nesta quinta-feira (25/10), no encontro do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC em inglês), os esforços do Brasil no combate ao aquecimento global, como o Plano Nacional de Prevenção e Controle do Desmatamento, que conseguiu reduzir em três anos 65% do desmatamento no país.
A ministra reconheceu que muito ainda precisa ser feito, e defendeu uma postura proativa do Brasil para combater o aquecimento global.
“Embora os países em desenvolvimento não sejam os responsáveis históricos pelo aquecimento global, não podemos advogar o direito de cometer os mesmos erros [dos países desenvolvidos]. Não podemos seguir a mesma trajetória”.
Marina Silva afirmou que “reverter um processo que vem há séculos sendo implementado na direção de economias carbonizadas, como acontece em países desenvolvidos, não é fácil para países em desenvolvimento. Mas isso não é impossível. Não podemos utilizar a necessidade de crescimento para causar dano ao ambiente”.
A ministra defendeu que a viabilidade econômica deve andar junto com a sustentabilidade ambiental. “Nós trabalhamos com essa visão na BR 163 [liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA)]; no processo de liberação ambiental das hidrelétricas do Rio Madeira e no complexo do Rio São Francisco”, disse.
O vice-presidente do IPCC, Muhan Munasingue, parabenizou a atuação do Brasil para a discussão das mudanças climáticas no planeta e lembrou os vários cientistas brasileiros que participam do órgão intergovernamental que contribuíram para que o IPCC fosse agraciado com o Prêmio Nobel da Paz 2007.
Muhan defendeu que o dinheiro do prêmio seja utilizado em um fundo para disseminar nos países em desenvolvimento informações sobre o aquecimento global.
As conclusões do encontro, que se realiza pela primeira vez na América Latina, serão levadas em dezembro a uma reunião internacional em Bali, na Indonésia, onde 180 países vão apresentar propostas para redução da emissão de gases do efeito estufa.
A ministra Marina Silva adiantou que o Brasil vai defender em Bali a ajuda de países desenvolvidos para ampliar a redução do desmatamento e a proteção das florestas brasileiras.
“O Ministério do Meio Ambiente advoga que tenhamos uma posição pró-ativa, não podemos em hipótese alguma reivindicar o direito de também destruir florestas e fazer nossa economia de forma carbonizada. Nós queremos mudar modelos de desenvolvimento, mas para isso precisamos ser ajudados, até porque a diminuição [do desmatamento] no Brasil favorece ao planeta inteiro”, afirmou.
O encontro termina nesta sexta-feira (26/10).
(Por Adriana Brendler, Agência Brasil, 25/10/2007)