Porto Alegre (RS) - Ampliar e qualificar a educação voltada para a emancipação do ser humano. Este é o desafio dos agricultores organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que realizam entre os dias 26 e 28, o 2º Encontro Nacional de Educação. Cerca de 400 pessoas de 14 Estados em que o MAB está organizado devem participar do encontro, que acontece em Gama, cidade satélite de Brasília.
Atualmente, a organização trabalha com a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e com os jovens, que por meio de convênios com universidades federais e escolas técnicas conseguem adquirir formação nas áreas de pedagogia, agroecologia, medicina e medicina veterinária. No entanto, o objetivo é avançar. De acordo com Liciane Maria Andrioli, integrante do coletivo de Educação, o MAB quer expandir a educação popular nos Estados, aliando à cultura e às necessidades do campo. O que a diferencia da educação tradicional.
"A diferença é que nós olhamos para a formação do sujeito. A educação tradicional trabalha muito mais visando a questão da técnica visando um projeto que hoje fortalece o sistema capitalista. É voltado mais para a questão de emprego, de profissionalização. E nós trabalhamos com a educação técnica, mas também política, da formação do sujeito, da cultura das pessoas", diz.
Atualmente, 130 integrantes da organização estão concluindo a educação técnica ou a graduação e pós-graduação. Alguns já trabalham em escolas dos movimentos sociais, como a Fundação de Desenvolvimento, Educação e Pesquisa da Região Celeiro (FUNDEP), que fica na cidade de Ronda Alta, no Rio Grande do Sul. O projeto mais recente do MAB na área de Educação, conta Liciane, é um curso de extensão sobre a questão da energia elétrica e do modelo de desenvolvimento energético no país, com previsão de iniciar em Abril de 2008.
Liciane avalia que uma educação diferenciada como o MAB e os movimentos sociais propõem ajudam na conscientização da população. "Isso influencia no avanço do processo da conscientização. A gente hoje, trabalhando com esse processo de alfabetização, nos damos conta de que as pessoas, muitas vezes, não tem condições de refletir a sua realidade. E quando a gente vem e provoca esse trabalho da emancipação, eles conseguem se perceber enquanto sujeitos nessa sociedade onde estão inseridos. Então começam um processo de compreensão da realidade onde estão inseridos", afirma.
Em três anos de trabalho do Coletivo de Educação, o MAB já alfabetizou mais de 3 mil educandos, distribuídos em 280 turmas em todo o país.
(Por Raquel Casiraghi,
Agencia Chasque, 24/10/2007)