Pesquisadores de três instituições gaúchas se debruçaram ontem sobre um mistério. Ao examinar o corpo da baleia encontrada na terça-feira em Balneário Pinhal, no Litoral Norte, eles não detectaram pistas que pudessem explicar as razões da sua morte. A suspeita inicial relacionava a culpa às redes de pesca, porque moradores locais viram barcos de pescadores próximos à arrebentação na noite de segunda-feira.
- É muito difícil precisar o que aconteceu quando não há marcas evidentes. Pode ter sido rede, barco ou outra causa - afirma o biólogo Paulo Henrique Ott.
Apesar de não apresentar um resultado conclusivo, o exame dos órgãos da baleia oferecerá outras contribuições aos cientistas do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) e do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Estado (Gemars). Servirá para ajudar os pesquisadores a aprofundar os estudos sobre a baleia-minke-anã, a espécie do animal morto no Litoral.
Ott afirma que a minke-anã recebeu menos investigações científicas do que outras espécies pela preferência do mamífero em evitar as águas costeiras. É essa mesma razão, segundo o biólogo, que explica o predomínio de outras baleias nos casos de encalhes nas areias gaúchas.
Para ele, a ciência ainda carece de informações que diminuam as confusões com outro animal semelhante, a baleia-minke-antártica. Migratória, como a irmã, a anã troca a região antártica e subantártica pelas águas tropicais e subtropicais, nos meses de inverno e primavera. Trata-se de um deslocamento do local onde ela encontra a fartura de um camarão, seu alimento preferido, para uma área onde se sente em condições para o acasalamento. Os mares quentes também favorecem o nascimento dos filhotes, que após uma gestação de um ano.
O exemplar de Balneário Pinhal ainda não havia chegado à idade da reprodução, quando têm um comprimento médio de 6,5 metros. Era uma fêmea com 4,4 metros. Encontrado ao lado da baleia, o outro animal era um golfinho. Os curiosos chegavam a suspeitar de se tratava de um filhote da baleia-minke-anã.
O animalNome: baleia-minke-anã
Cores: cinza, com peitorais brancas
Comprimento: até oito metros
Peso: até 6,5 toneladas
Comportamento: migratório, não andam em grandes grupos
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Zero Hora, 25/10/2007)