Ban Ki-moon quer chamar a atenção do mundo para região ameaçada pelas mudanças climáticas A ONU quer dar maior visibilidade aos problemas na Amazônia e planeja para novembro uma viagem de seu secretário-geral, o coreano Ban Ki-moon, à região. Essa será a primeira visita do chefe da diplomacia das Nações Unidas ao País e a iniciativa de passar por Manaus partiu de seu próprio gabinete. Ban Ki-moon ainda estará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília para tratar de temas ambientais. O Itamaraty confirmou os planos para a ida de Ban Ki-moon à floresta, entre 11 e 12 de novembro.
A idéia é chamar a atenção da comunidade internacional para a floresta e para a necessidade de preservação. A Amazônia voltou às páginas dos jornais estrangeiros e dos debates políticos na Europa e nos Estados Unidos diante das constatações sobre as mudanças climáticas e das ameaças de sua destruição por causa do etanol. A visita ainda será uma mensagem política forte, já que ocorrerá às vésperas da conferência internacional em Bali para definir uma estratégia de combate às mudanças climáticas.
Países como o Brasil querem garantias de que serão apoiados em seus esforços para manter a floresta e, em troca, não querem ser pressionados com um possível teto para suas emissões de CO2. Na ONU, a realidade é que as disputas políticas ganham contornos cada vez mais delicados na questão climática. O coordenador da entidade para tratar da gripe aviária, David Nabarro, chegou a alertar ontem que um surto da doença poderia até mesmo surgir antes do previsto diante do aquecimento global.
Muitos governos, porém, temem afetar a competitividade de suas economias se forem feitas exigências de cortes de emissões de CO2. A China, por exemplo, não hesitou em vetar uma série de parágrafos nos últimos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) sobre um plano de ação para reverter as mudanças climáticas, assim como os Estados Unidos tentaram forçar exigências de redução de emissões de CO2 nos países ricos.
PRESSÃONo último encontro do G-8 na Alemanha, em meados do ano, os convidados Brasil, China, África do Sul, México e Índia viram-se pressionados pelas potências mundiais a também adotar compromissos de corte de emissões. Na ocasião, o presidente Lula deixou claro que não poderia aceitar a medida, já que seria uma limitação para o desenvolvimento do País. A visita de Ban Ki-moon ainda será seguida do lançamento do relatório anual do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) que, nessa edição, avaliará o impacto das mudanças climáticas nas populações, principalmente as mais pobres. O relatório promete gerar ainda mais polêmica.
(Por Jamil Chade,
O Estado de S.Paulo, 25/10/2007)