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2007-10-25
O ministro de Assuntos Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, criticou a atitude "discriminatória" da França em relação ao programa nuclear do Irã em artigo publicado nesta quarta-feira, 24, pelo jornal Le Monde. Após afirmar que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, considera "com razão" que o desenvolvimento "insuficiente" dos países da região origina "a instabilidade e o aumento da insegurança", Mottaki ressaltou que "este desenvolvimento também passa pela energia nuclear".

"A República Islâmica do Irã não deseja, portanto, que sua política em matéria nuclear seja objeto de uma visão discriminatória por parte da França", disse o chefe da diplomacia iraniana. O Irã "prosseguirá com suas atividades nucleares e com o enriquecimento de urânio com fins civis, respeitando os acordos de salvaguarda e sob a supervisão" da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e "em cooperação com outros países do mundo", acrescentou. "Fará isto sem se preocupar com a eventualidade de uma atitude discriminatória", ressaltou Mottaki.

Desde que Sarkozy chegou ao Palácio do Eliseu, em maio, a França endureceu sua posição diante da recusa iraniana em suspender o enriquecimento de urânio, qualificando de "inaceitável" o fato de o Irã adquirir uma arma nuclear.

O presidente francês defendeu ainda que os países da União Européia (UE) adotem novas sanções contra Teerã, sem esperar por uma eventual resolução da ONU. "Quando ouvi o ministro de Assuntos Exteriores britânico dizer que apoiava com entusiasmo o pedido francês, e que Espanha, Itália, Áustria e Alemanha anunciaram sua preferência por mais esforços diplomáticos, me questionei se não é o barco britânico que desde 2003 atira em direção ao continente desamparado", criticou Mottaki.

O ministro iraniano contrapõe a atual atitude da França à que o país teve com o regime do Xá Mohammad Reza Pahlavi, quando Paris propôs "a participação iraniana" em projetos sem mostrar "nenhuma preocupação com a cooperação no terreno nuclear, incluindo o militar".
 
Mottaki lembrou também o envolvimento da França no fornecimento de armas a "outro tirano", o ex-presidente iraquiano Saddam Hussein, para que atacasse o Irã. "Um país como a República Islâmica do Irã, com seu potencial regional e internacional, não precisa barganhar para defender seus direitos e prosseguir seu desenvolvimento econômico e social. Trabalhar pelas gerações futuras é nosso dever sagrado e não toleraremos qualquer hesitação", afirmou Mottaki.

Questionada sobre o artigo de Mottaki, a porta-voz do Ministério de Exteriores da França afirmou que é uma questão que "diz respeito ao conjunto da comunidade internacional". "O Irã tem obrigações internacionais que não respeita atualmente. Deve,em particular, suspender todas as atividades polêmicas relacionadas ao enriquecimento de urânio", afirmou a porta-voz, Pascale Andréani.

Relações com a UE
Ali Larijani, antigo negociador iraniano em matéria nuclear, disse também nesta quarta que suas conversas com o alto representante para Política Externa e Segurança da União Européia (UE), Javier Solana, e com o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, houve "idéias novas e construtivas". "Na última parte das conversas com Solana e com Prodi, houve idéias novas e construtivas que poderiam levar a posteriores progressos", afirmou o até há algumas semanas o principal negociador nuclear iraniano que se reuniu na quarta em Roma com os dirigentes europeus.

Larijani manteve assim a mesma linha de terça, quando tanto ele como seu sucessor no cargo de secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional, Sayed Jalili, falaram com Solana, também em Roma, e disseram depois os três à imprensa que tinham mantido "conversas construtivas". Solana, Larijani e Jalili apareceram de novo nesta quarta perante os jornalistas, esta vez junto com Prodi, após se encontrarem todos na sede do governo italiano. Nesta ocasião os interlocutores se limitaram a fazer uma declaração e não responderam a perguntas da imprensa.

O alto representante da União Européia para a Política Externa e a Segurança assegurou que na questão do problema nuclear se abriu uma fase "muito intensa que devemos aproveitar plenamente". Prodi assinalou que "as duas delegações tiveram ontem (terça) uma conversa importante e construtiva sobre a questão do problema nuclear iraniano". E acrescentou que nesta terça tinha examinado com os iranianos e com Solana "os possíveis aspectos da negociação através dos quais se pode chegar a um acordo".

"Eu gostaria de aproveitar a oportunidade para confirmar que a Itália acredita que este diálogo é o único instrumento que existe para chegar a uma solução no âmbito do solicitado pelo Conselho de Segurança da ONU", acrescentou. Prodi disse, além disso, que espera que o Irã mantenha os compromissos e o calendário combinados no mês de agosto com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para que seu diretor, Mohamed ElBaradei, possa apresentar um relatório positivo em novembro.

Larijani contestou Prodi que neste assunto estavam de acordo e destacou que "os inspetores da AIEA estão em Teerã levando adiante sua missão e seus compromissos". Prodi pediu ao Irã para que assine o Tratado de não-proliferação e voltou a insistir: "Desejo que se possa encontrar em breve um marco de acordo que consinta retomar rapidamente uma negociação e concluí-la".
(Efe, 24/10/2007)



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