A Casa Branca editou de modo significativo um testemunho para o Senado, preparado por uma importante autoridade federal de saúde pública, tratando dos efeitos do aquecimento global sobre a saúde. Foram apagados trechos que mencionavam doenças que poderiam florescer num ambiente mais quente, mostram documentos obtidos pela agência de notícias Associated Press.
A Casa Branca nega ter "diluído" o testemunho da médica Julie Gerberding, diretora dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), apresentado na terça-feira (23), ao Comitê de Obras Públicas e Meio Ambiente do Senado.
Mas um esboço do testemunho, apresentado ao governo para revisão, mostra que seis páginas de detalhes a respeito de doenças e outros problemas sanitários que poderão ganhar corpo se a Terra se aquecer não foram entregues aos senadores.
O esboço declarava que "a evidência científica apóia a visão de que o clima terrestre está mudando", e que muitos grupos dedicam-se a tratar do problema. "A despeito da atividade intensa, os efeitos da mudança climática sobre a saúde pública permanecem largamente ignorados. Os CDC consideram a mudança climática uma preocupação importante de saúde pública". Este parágrafo não consta do texto liberado pela Casa Branca.
Um porta-voz da Casa Branca disse que o esboço foi submetido a um processo de revisão por agências federais, e que o Gabinete de Política de Ciência e Tecnologia não acreditou que a ciência descrita no testemunho refletisse a do relatório do painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC), da ONU. Um funcionário do CDC disse que, embora seja comum um testemunho ser alterado pela revisão governamental, as mudanças, nesse caso em particular, foram feitas com "mão pesada".
(Estadão Online,
Ambiente Brasil, 25/10/2007)