Quadrilha teria derrubado pelo menos 36 mil pinheiros em 19 fazendas vistoriadas, lucrando R$ 8 milhões; agora, serão multados em R$ 14 mi Policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil do Paraná, com apoio do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), prenderam oito pessoas acusadas de envolvimento com corte ilegal de madeira em operação realizada na manhã de ontem nas regiões de Ponta Grossa e Curitiba.
Entre os presos, estão dois fiscais do próprio IAP, fazendeiros e madeireiros. Uma ex-diretora do órgão em Ponta Grossa está foragida. Todos foram indiciados por de crime contra o meio ambiente, formação de quadrilha, corrupção ativa e falsidade ideológica.
Os levantamentos da polícia apontam que a atuação da quadrilha levou ao corte ilegal de pelo menos 36 mil pinheiros em 19 fazendas vistoriadas. O desmatamento equivaleria a cerca de 1,5 mil campos de futebol.
Sobre os fiscais do IAP pesam acusações de que receberiam propina dos madeireiros para conceder licenças de corte sem o cumprimento dos parâmetros legais.
Segundo o secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, eles receberiam, em média, R$ 30 mil por autorização. Há também suspeita de que cobrariam propina para não dar andamento às denúncias que chegavam ao órgão.
EX-DIRETORA COMO MENTORADurante a operação, que começou de madrugada, foram apreendidos vários documentos e computadores. O trabalho foi acompanhado pelo presidente do IAP, Vitor Hugo Burko. Segundo ele, as investigações mostram que a ex-diretora Elma Nery de Lima Romano, de 50 anos, seria a mentora do esquema. “Com os documentos e computadores apreendidos, teremos condições de melhor avaliar os papéis de cada uma das pessoas”, disse.
OUTRO LADOO engenheiro do IAP Luiz César Santos, um dos presos, disse que tudo não passa de perseguição política. “Na verdade, é uma retaliação de um grupo do IAP contra outro grupo do IAP, que começou pela Elma. Ela acusou muita gente da sede que não gostava dela. Estão usando a questão ambiental como bode expiatório.”
Segundo a polícia, as investigações estenderam-se por cerca de quatro meses e já levaram à prisão outras 19 pessoas. A secretaria suspeita que policiais florestais também fariam parte da quadrilha. Eles foram afastados da região e são investigados.
Estima-se que os proprietários das 19 fazendas vistoriadas e os madeireiros tiveram lucro de cerca de R$ 8 milhões com o esquema. Eles devem ser multados em aproximadamente R$ 14 milhões.
(Por Evandro Fadel,
O Estado de S.Paulo, 24/10/2007)