Tipo de trabalho: Dissertação de Mestrado
Instituição: Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP)
Ano: 2007
Autor: Rafael André Belotto Plawiak
Resumo:
A anomalia geoquímica de mercúrio em sedimento de corrente da bacia hidrográfica do rio Iguaçu, Estado do Paraná, delimitada por um levantamento prévio de geoquímica regional, foi investigada em detalhe por meio de determinações das concentrações do metal em rochas, solo e sedimento fluvial. O rio Iguaçu está inserido no contexto geológico da Bacia do Paraná e a porção correspondente ao alto vale, no município de Curitiba e vizinhanças, compreende rochas gnáissico-migmatíticas do embasamento cristalino (Arqueano-Proterozóico Inferior) e sedimentos pleistocênicos da Bacia de Curitiba. Na área de estudo ocorrem rochas vulcânicas da Formação Serra Geral, Grupo São Bento (Cretáceo) e folhelhos negros da Formação Irati, Grupo Passa Dois (Permiano-Triássico). Os teores de Hg foram determinados através de Espectrometria de Absorção Atômica por decomposição térmica com correção do efeito Zeeman. Foram obtidos teores de Hg em rochas vulcânicas (0,2 a 0,4 ng/g), folhelho negro (286 e 430 ng/g), solo (média de 103±57 ng/g, fração < 177 μm), sedimento fluvial (média de 37±18 ng/g, fração < 177 μm). Para caracterização química nas rochas e no solo, os teores de óxidos maiores e elementos-traço foram determinados por Espectrometria de Fluorescência de Raios-X. A qualidade das águas do rio Iguaçu foi avaliada através de análises por Cromatografia de Íons, e revelou composições dependentes do fundo geológico a montante da região estudada e composições dependentes da ação antrópica (prováveis fontes de lançamento de esgotos domésticos e/ou efluentes industriais) na porção central da área de estudo. O elevado enriquecimento de Hg e dos valores de perda ao fogo em solo foram avaliados por cálculos de balanço de massa. Os resultados obtidos sugerem que a ocorrência de mercúrio no vale do rio Iguaçu tem origem em processos geogênicos. Adicionalmente, não foram reconhecidas fontes alternativas de origem antrópica de emissão de mercúrio na região assim como a presença de rochas ricas em Hg em horizontes subjacentes, que poderiam ter atuado como fontes naturais. A cobertura vegetal pode ter favorecido esses processos, pois os maiores teores de Hg observados no vale do rio Iguaçu, tanto em solo quanto em sedimento, se concentram na porção central da área estudada, com predomínio de floresta atlântica preservada. Também foi possível concluir que o vale do rio Iguaçu não apresenta indícios de poluição ou riscos à saúde humana devidos ao mercúrio. As concentrações de mercúrio no sedimento do rio Iguaçu são comparáveis às encontradas em outras bacias hidrográficas brasileiras, consideradas normais e não contaminadas.