Não é casualidade que o tema do 2º. Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental tenha sido “O Aquecimento Global: um desafio para os meios de comunicação” A preocupação crescente que se percebe em todas as partes, está amplamente justificada pela contundência dos estudos e projeções realizadas pelos melhores especialistas do mundo.
Os meios de comunicação estão convocados a cumprir um papel-chave na democratização da informação, fundamentalmente nas etapas de projeções (cenários futuros), vulnerabilidade (a quem afetarão os eventos extremos que possam ocorrer, zonas mais sensíveis, efeitos sobre a saúde, a produção, etc.), mitigação (medidas para minimizar danos e efeitos negativos), e adaptação (medidas para estar preparados e prevenção de danos e efeitos negativos).
Nesse contexto, o jornalismo ambiental e o jornalismo científico têm muito trabalho por diante. A decisão do Núcleo de EcoJornaliststas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS), da Associação Braisleira de Jornalistas Ambientais, junto com a EcoAgência de Notícias Ambientais, de organizar este oportuno congresso, foi um acerto indiscutível.
Durante três dias, meio milhar de participantes se reuniu na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, para analisar a realidade atual, procurando alcançar alguns objetivos realmente relevantes: contribuir para a qualificação dos profissionais que cobrem os temas ambientais; estimular estudantes e professores de jornalismo para que investiguem e estudem esta área; promover o contato entre colegas e profissionais.
Participou, além disso, uma delegação da Red de Comunicación Ambiental Latinoamericana y del Caribe (RedCalc) integrada por profissionais do México, Cuba, Panamá, Equador, Uruguai e Brasil. O êxito do congresso foi total, por terem sido alcançados satisfatoriamente os objetivos propostos. A perfeita organização foi uma das chaves para que assim ocorresse, sobressaindo-se o desempenho da professora e jornalista Ilza Tourinho Girardi e sua equipe.
Foram abordados temas críticos de nosso tempo, como o uso de energia renováveis, a gestão de águas frente ao aquecimento global, as cidades sustentáveis, a realidade da Amazônia e outros grandes biomas do continente ante as mudanças climáticas e, desde já, com muita ênfase se debateu o papel do jornalismo ambiental ante diante desta nova emergência.
A contribuição dos jornalistas latinoamericanos convidados ampliou a visão do congresso e demonstrou a necessidade de se abordar temas globais com estratégias também globais, que incluam o fortalecimento dos contatos, das comunicações e os intercâmbios entre colegas de todo o continente.
Mais uma vez, surgiu dos debates e comentários do congtresso a capacitação dos jornalistas e comunicadores como parte essencial do processo transformador que se deve operar na sociedade, para enfrentar com maturidade os grandes desafios que nos impõe a crise social e ecológica que vemos em escala global, regional e local.
Nesse sentido, preocupa sobremaneira a notória ausência de cursos de capacitação em jornalismo ambiental e científico, em universidades e escolas de jornalismo da América Latina.
(Por Hernán Sorhuet Gelós* - El País / Uruguai /
Eco Agência, 22/10/2007)
*Hernán Sorhuet é jornalista uruguaio, integrante da RedCalc, e escreve regularmente para o jornal El País, de Montevidéo, sobre meio ambiente.