A população do bairro Jardim São Paulo, em Juazeiro (500Km de Salvador), oficializou denúncia junto ao Ministério Público Estadual conta a empresa de cimentos POTY, do grupo Votorantim, acusada pelos moradores de ser a responsável pelas doenças adquiridas pelas pessoas, provocadas pelo contato com o pó que é levado pelo vento.
De acordo com Leônidas Alves da Silva, morador do bairro, muita pessoas têm apresentado problemas respiratórios e manchas na pele. Os moradores atribuem ao pó do cimento o óbito que foi registrado no ano passado do morador Olímpio Ribeiro da Silva, de 56 anos, com edema e esterose provocando dificuldades para respirar.
“Minha esposa está grávida de sete meses e passa mais tempo na casa dos pais que na nossa, devido ao cimento”, conta o ambulante José Gonçalves de Carvalho que teve prejuízo ainda com um computador que comprou. “A placa mãe queimou e os técnicos disseram que foi o excesso de poeira dentro do equipamento. Outras pessoas tiveram o mesmo problema”, completa.
Dos males, esse é o pior narrado pela população, que está revoltada e pede rapidez na ação da Justiça para que a empresa Poty deixe a área onde está, que é residencial, e vá para o Distrito Industrial de Juazeiro, “local adequado para abrigar uma empresa desse porte e com esse tipo de material”.
Com apenas dois anos de idade Yasmin Gabriele da Costa Santana, desde os três meses de idade já é vítima da poeira do cimento. A mãe, Deusimar da Costa conta que "de tanto antibiótico que ela tomou pelos problemas respiratórios, hoje minha filha tem os dentes fracos, já teve várias manchas pelo corpo e esperamos que alguma atitude seja tomada”. De acordo com a pediatra Esmeralda Vosnakis, “as doenças alérgicas são provocadas por clima frio ou substâncias tóxicas como o cimento e são necessárias medidas para diminuir a presença do cimento do ambiente”.
Prejuízos - Além do mal à saúde, a nuvem de cimento provoca prejuízos materiais. Uma lavanderia que funcionava na rua ao lado da empresa fechou, e moradores que moram de aluguel ameaçam deixar as casas. Segundo o Ministério Público, existe Inquérito Civil instaurado com laudo de peritos do MP de Salvador que estiveram na cidade para apurar as denúncias.
O agente de saúde Josué Santana, que mora em uma das ruas afetadas relata que há oito anos a Poty está no Jardim São Paulo e foi fechada uma vez pelo Ministério Público por um período de quinze dias, mas foi reaberta mediante um Termo de Ajustamento de Conduta onde a empresa se comprometia a adotar algumas medidas que diminuíssem o prejuízo à população como colocação de britas no terreno e molhar a área todos os dias evitando que a poeira do cimento se espalhasse, mas nada foi feito”.
A Votorantim Cimentos esclareceu, em nota divulgada à imprensa, que o centro de distribuição em Juazeiro atua em conformidade como termo de compromisso firmado com o Centro de Recursos Ambientais (CRA).
(Por Cristina Laura,
A TARDE Online, 22/10/2007)