A Comissão de Ciência e Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) e a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado realizarão, na próxima quinta-feira (25/10),a partir das 10h, uma audiência pública conjunta para discutir o programa nuclear da Marinha. O evento contará com a participação do comandante da Marinha, o almirante-de-esquadra Júlio Soares de Moura Neto.
A utilização da energia nuclear como fonte de eletricidade tem sido discutida no Senado num ciclo de audiências públicas promovidas pelas duas comissões como alternativa para solucionar uma possível crise energética brasileira. O senador Augusto Botelho, representando a CCT, visitou, no final de junho, o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), que realiza pesquisas sobre energia nuclear e enriquecimento de urânio.
Augusto Botelho defende investimentos no programa nuclear brasileiro e, para isso, aponta a necessidade de mais recursos no orçamento da União destinados a essa finalidade. Ele lembrou que o Brasil possui uma das maiores reservas de urânio do mundo e afirmou que os procedimentos da Marinha em relação à energia nuclear são seguros. Os senadores Marco Maciel (DEM-PE) e Valdir Raupp (PMDB-RO) também já se manifestaram favoráveis e essa forma de energia.
O programa nuclear da Marinha foi citado pelo almirante Júlio Soares de Moura Neto em seu discurso de posse, em março deste ano, no Grupamento de Fuzileiros Navais.
"Tudo deverá ser direcionado para alavancar as verbas necessárias para a conclusão no menor tempo possível", afirmou ele.
Entre as ações previstas na área, segundo afirmou na ocasião, estão a elaboração de projeto e posterior construção de um submarino com propulsão nuclear.
A audiência será realizada na sala 7 da ala Alexandre Costa do Senado Federal.
Fonte energética
A energia nuclear consiste no uso controlado de reações nucleares para obtenção de energia mecânica, térmica e elétrica. A forma de fissão nuclear do urânio é a principal aplicação civil da energia nuclear, com a vantagem de não utilizar combustíveis fósseis, que lançam gases tóxicos na atmosfera e contribuem com o aumento do efeito estufa. Esse tipo de energia é a terceira fonte energética mais utilizada no mundo, segundo informações das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) - empresa de economia mista, vinculada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
No Brasil, a energia nuclear é a segunda fonte de energia gerada (3%), de acordo com a Agencia Internacional de Energia Atômica (IAEA, sigla em inglês), sendo a energia hidrelétrica a principal fonte energética gerada no país (93,5%). Em terceiro lugar vem o petróleo (1,3%), seguido pelo carvão (1,2%) e pelo gás (1%).
Ainda conforme a INB, o Brasil possui a capacidade de geração de 1855 megawatts de energia nuclear em suas duas unidades em operação - Angra 1 e Angra 2. O Conselho Nacional de Política Energética aprovou, em junho, a construção da usina nuclear Angra 3, que deve custar cerca de US$ 3,7 bilhões e tem previsão de ser concluída em 2013. A decisão precisa ainda deve ser ratificada pelo presidente da República.
Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já ter se manifestado favorável à utilização da energia nuclear como forma de incrementar o crescimento econômico do país, o programa nuclear brasileiro encontra oposição por parte de entidades ambientalistas e do próprio Ministério do Meio Ambiente. A preocupação é com a longa duração dos resíduos radioativos, que atualmente estão sob controle da CNEN - autarquia federal vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia responsável pela atividade nuclear no Brasil.
(Por Raíssa Abreu, Agência Senado, 22/10/2007)