Agentes da 15º Delegacia de Polícia Civil de Cascavel (PR) prenderam nesta segunda-feira (22/10) sete seguranças da empresa NF Segurança S/C acusados de participar no domingo (21/10) de um conflito com trabalhadores rurais sem-terra na fazenda experimental de transgênicos da multinacional Syngenta Seeds. Duas pessoas morreram e oito ficaram feridas, segundo a Polícia Civil.
Dos sete presos, apenas um concordou em prestar depoimento, os outros só falarão em juízo, segundo a Polícia Civil. Os seguranças ficarão presos na delegacia à disposição da Justiça. Até o início da noite, a polícia não recebeu pedidos de liberdade provisória.
De acordo com os policiais, não foram encontradas armas de fogo no local, apenas um revólver calibre 38 foi entregue pelos agricultores. Eles afirmaram que a arma pertencia aos seguranças.
A Polícia Civil vai continuar as investigações no local e a identificação dos outros seguranças envolvidos no conflito, cerca de 20. O inquérito deve ser concluído em dez dias.
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná determinou que policiais fiquem de prontidão nos próximos dias na região do conflito.
Em nota divulgada hoje, a multinacional Syngenta afirmou que “em nenhum momento autorizou o uso de força ou armas para manter a segurança da estação experimental”. Uma cláusula contratual entre a Syngenta e a NF estabeleceria a proibição de uso de armas pelos seguranças no local, de acordo com a nota.
“Estamos profundamente chocados com o ocorrido e lamentamos que seres humanos tenham sido feridos ou mortos”, diz o texto.
A assessoria de imprensa da Via Campesina informou que o estado de saúde da agricultora Izabel do Nascimento Souza, que teria sido espancada durante o conflito, ainda é grave, mas estável. O agricultor Domingos Barreto também continua hospitalizado e outros três receberam alta hoje.
De acordo com a Via Campesina, cerca de 150 pessoas permanecem acampadas na fazenda. Elas haviam deixado o local em julho, após mais de um ano de ocupação.
(Por Luana Lourenço,
Agência Brasil, 22/10/2007)