Até quinta-feira (25/10), representantes do governo federal, lideranças indígenas e responsáveis pela área de saúde mental nas secretarias estaduais participam da 1ª Conferência Internacional e do 1º Encontro Nacional de Saúde Mental Indígena. O evento conta ainda com a presença de especialistas da Austrália, do Canadá, dos Estados Unidos, da Nova Zelândia e do Brasil.
“Trouxemos especialistas estrangeiros para discutir como trabalhar essa questão no Brasil”, explica o diretor do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Wanderley Guenka. “Nós temos um consumo alto de álcool, algum consumo de drogas ilícitas, a questão do suicídio e das violências; precisamos buscar uma alternativa para implementar um trabalho dentro das aldeias”, completa Guenka.
O número de suicídios nas aldeias preocupa os responsáveis pelo atendimento à saúde indígena. De acordo com o diretor da Funasa, somente entre os Guarani-Kaiowá, em Mato Grosso do Sul, ocorrem entre 45 e 50 casos por ano, atingindo pessoas cada vez mais jovens.
Para o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena da Bahia, Ancelmo da Conceição, os casos de suicídio nas comunidades indígenas hoje são reflexo da intervenção do homem branco.
“O índio ficou sem ter a pesca e a caça, sem a sua principal fonte de alimento, porque os rios ficaram poluídos, ficaram sem peixe e as matas ficaram sem caça”, explica. “A ociosidade levou à depressão, o que abriu porta para a chegada das drogas, principalmente do álcool às comunidades indígenas.”
Ancelmo, que é da etnia Tuxá, no norte da Bahia, diz que faltam médicos, transporte para as aldeias e comunicação com a Funasa. Apesar dessas carências, ele diz que uma das coisas que mais fazem falta é um projeto de auto-sustentação, que ocupe os indígenas com alguma atividade de resgate da cultura e ao mesmo tempo gere renda para essas comunidades.
(Por Ana Luiza Zenker, Agência Brasil, 22/10/2007)