Na avaliação de deputados e senadores da região Amazônica, a eficácia do Programa Calha Norte tem papel fundamental para que o Brasil se proteja adequadamente contra possíveis intenções ofensivas de outros países.
O deputado Luciano Castro (PR-RR) quer que as bancadas dos estados da região priorizem os pelotões de fronteira na destinação de recursos. “A região é estratégica e exige cuidados do governo. Roraima, por exemplo, está ao lado da Venezuela, onde já se percebe intenções de fortalecimento militarista daquele país”, lembrou Castro, em entrevista à Agência Brasil.
A mesma preocupação aflige o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). Para ele, o Brasil deveria tentar se transformar aos poucos em um potência militar defensiva.
“Ninguém me convence que o coronel Hugo Chávez [presidente da Venezuela] se arme por causa do Bush [presidente dos EUA]. Ele é um típico caudilho sul-americano. Primeiro esmaga as oposições, depois faz corrida armamentista e o passo seguinte pode ser declarar guerra a algum país vizinho. Guiana, Colômbia e Brasil, em menor escala, seriam alvos em potencial”, afirmou Virgílio.
O senador tucano também sugere, ao lado do reforço militar, maior investimento em pesquisas na área de biodiversidade, como forma de neutralizar a pirataria de recursos naturais.
O vice-almirante Arnon Lima Barbosa, diretor do departamento de Política e Estratégia do Ministério da Defesa, defende o aumento dos recursos para a parte militar do Calha Norte. Esses investimentos serviriam para reaparelhar os pelotões e intensificar as operações de fiscalização e controle das fronteiras na região.
“Hoje a parte militar do programa não recebe nenhum recurso de emenda parlamentar. E elas seriam um reforço muito bem vindo”, disse Barbosa.
Em 2007, a parte civil do Calha Norte tem orçamento previsto em R$ 455 milhões. Para o braço militar do programa estão reservados R$ 34 milhões.
O Programa Calha Norte foi lançado em 1985 pelo ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). Nos últimos 21 anos, segundo o Ministério da Defesa, US$ 326 milhões ( R$ 650 milhões) foram aplicados pelo programa na Amazônia. Entre os objetivos do programa estão a inclusão social, geração de empregos e conclusão de obras de infra-estrutura.
(Por Marco Antônio Soalheiro, Agência Brasil, 22/10/2007)