A Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Oiutrem, em Mathilde, Alfredo Chaves, comemora um ano no próximo sábado (27/10), com a inauguração do Meliponário Jacques Passamani, para estudo, pesquisa e preservação da espécie Melipona capixaba (urucu-preta). A abelha, sem ferrão e nativa do brasil, está ameaçada de extinção e é uma das maiores polinizadoras da mata atlântica.
No meliponário será desenvolvido o projeto “Manejo da abelha Melipona capixaba (urucu-preta)”, com o objetivo de desenvolver técnicas de manejo, reprodução de enxames e produção de mel.
O mel das abelhas do gênero Melipona tem mais propriedades medicinais e sabor mais refinado que o produzido pelas abelhas exóticas, alcançando também preços mais vantajosos. A expectativa com a inauguração do centro de pesquisa é oferecer ainda uma fonte alternativa de renda para a RPPN e os produtores rurais de Mathilde.
Segundo o Instituto de Pesquisa da Mata Atlântica (Ipema), espécie é endêmica da região serrana do Espírito Santo, ou seja, existe apenas naquela região. O aumento da população das abelhas sem ferrão é de importância crucial pra conservação da mata atlântica. No Brasil, estima-se que as espécies do gênero Melipona sejam responsáveis pela polinização de 40% a 90% da flora nativa.
As principais causas da redução das populações das Melipona são a redução da cobertura florestal e a competição desigual, por abrigo e alimento, com as abelhas exóticas, que têm a preferência dos produtores de mel por serem mais produtivas que as nativas.
A Oiutrem é a única unidade de conservação localizada na área de ocorrência da espécie. A pesquisa teve início em 2006 e tem como técnico responsável o biólogo Rafael Boldrini, que atua voluntariamente.
Além da inauguração do meliponário, a comemoração de um ano da Reserva Natural Oiutrem (a primeira RPPN estadual do Espírito Santo), terá a realização de palestras ligadas a temas ambientais como a “Importância das RPPNs para a formação de Corredores Ecológicos”, “Agroecologia: solução para a agricultura familiar”, entre outras.
Os visitantes poderão também caminhar pelas trilhas da RPPN e participar da celebração ecumênica em altar montado no interior da reserva com o Frei Alamiro (Convento da Penha) e um plantio coletivo de mudas nativas.
O distrito de Mathilde fica a 85 km ao sul de Vitória, na região serrana do Espírito Santo, e é conhecido por sua cachoeira, com a maior queda livre do Estado, 60 metros de altura.
A RPPN fica a 700m de altitude, possui 60 hectares de matas primárias e também secundárias, em vários estágios de regeneração. A biodiversidade é riquíssima, sendo um dos principais motivos que respaldaram a transformação da área em uma unidade de conservação. São dezenas de espécies da fauna e flora da mata atlântica, incluindo muitas raras, ameaçadas de extinção e endêmicas da região serrana.
Além da Melipona capixaba, a RPPN também promove pesquisas sobre orquídeas. Dentro da RPPN e possível encontrar ainda cinco nascentes, dois córregos da bacia hidrográfica do rio Benevente (córrego Geladeira e córrego do Mel) e duas pequenas cachoeiras.
As celebrações de comemoração de um ano serão realizadas neste sábado, a partir das 8h30.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 22/10/2007)