Das 645 cidades paulistas, 358 tiveram ocorrências da doença Mais da metade dos municípios do Estado de São Paulo (55,5%) tem pelo menos um caso registrado de dengue em 2007, segundo dados de outubro da Secretaria Estadual de Saúde. Das 645 cidades paulistas, 358 tiveram ocorrências da doença.
O município paulista mais afetado pela dengue atualmente é São José do Rio Preto, na região norte do Estado, com 9.389 casos em uma população de 415 mil habitantes. Em seguida vêm Campinas (4.525), Bebedouro (3.216), Sumaré (3.093) e Piracicaba (2.495). A capital tem 2.349 ocorrências.
Só neste ano, o número de pessoas infectadas pelo mosquito já chega a 78.614, segundo contagem feita até ontem pela Secretaria de Estado da Saúde, atingindo o maior patamar da história. Com relação ao mesmo período do ano passado, a alta é de quase 30%, de acordo com a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen). O recorde anterior havia ocorrido em 2001, com 51,6 mil casos.
Na terça-feira, durante discurso em Belo Horizonte, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão ressaltou que a epidemia é “preocupante”. Na quinta-feira, classificou de “inadmissível” e “injustificável” a evolução da dengue no Brasil.
Neste ano, 121 pessoas já morreram de dengue hemorrágica, um número 49,7% maior que no ano anterior, quando a infecção fez 77 vítimas. “Tivemos no Brasil 121 mortes inadmissíveis”, declarou o ministro. “Ou faltou a urgência em procurar o profissional de saúde ou falhou o diagnóstico”, lamentou Temporão. Conforme o Ministério da Saúde, o País registrou 481,3 mil casos da doença de janeiro a setembro deste ano.
AMÉRICA LATINAO coordenador da Sucen, Affonso Viviani Júnior, atribui o aumento dos casos a uma tendência em curso tanto no Brasil quanto na América Latina. O aumento do número de casos deve-se, segundo ele, a aspectos como o aquecimento global, que facilita a reprodução do mosquito, e ao aumento do número de tipos de vírus que circulam no País. Hoje são três variantes no território brasileiro.
Além disso, os Estados de Mato Grosso do Sul e Paraná, além do Paraguai, enfrentaram surtos da doença, o que prejudica o combate em São Paulo. “A dengue não tem fronteira, então o Brasil acaba sendo refém desse fenômeno, que é continental”, afirma Viviani Júnior.
Mesmo com altos índices de infecção, a diretora de Combate a Vetores da Sucen, Dalva Wanderlei, afirma que a epidemia já começou a dar uma trégua em várias cidades. “Em grande parte dos 357 municípios afetados a situação já está sob controle, não há mais transmissões de dengue.” Para orientar a população na prevenção e no combate à dengue, o Ministério da Saúde colocou no ar o site www.combatadengue.com.br.
O único modo de combater a dengue é por meio da eliminação do mosquito Aedes aegypti. “É fundamental que as pessoas eliminem de suas propriedades reservas de água que possam servir de criadouro”, diz Viviani. “Podemos fazer ações de controle, mas a sustentabilidade do processo depende das pessoas. Se não houver interação com a população, não há controle efetivo.”
(Por Marcel Gugoni
, O Estado de S.Paulo, 20/10/2007)