Um quarto da emissão de carbono da China é resultado da fabricação de produtos destinados à exportação para países industrializados. A informação é de um estudo do maior instituto de pesquisa ambiental da Grã-Bretanha, o Tyndall Centre for Climate.
De acordo com a pesquisa, que usou dados de 2004, 23% das emissões de CO2 (dióxido de carbono) da China são oriundas da fabricação de produtos como máquinas, eletrônicos, acessórios, vídeos e gravadores, que têm como destino final os países industrializados.
Segundo o estudo, a pesquisa fornece novas evidências que provam a tese de que, historicamente, os países industrializados não somente são os maiores emissores de gases poluentes. Eles também têm responsabilidade pelo crescimento acelerado das emissões dos mercados emergentes, como a China.
As regras do Protocolo de Kyoto determinam que o cálculo das emissões de carbono de cada país seja feito dentro das fronteiras nacionais.
No entanto, na avaliação dos coordenadores do estudo, Tao Wang e Jim Watson, esse cálculo é inadequado na hora de determinar em quanto cada país deve reduzir suas emissões. Isso porque o método não leva em conta os gases resultantes dos produtos importados.
Culpa"Em novembro de 2006, o Emma Maersk, um dos maiores cargueiros do mundo, atracou em um porto da Grã-Bretanha, carregando 11 mil artigos de Natal. Será que os gases emitidos com todos esses manufaturados são de responsabilidade da China e, ou, da Grã-Bretanha?", questiona Watson.
O relatório, que reúne especialistas de sete universidades britânicas, estima que as exportações chinesas emitem a mesma quantidade de dióxido de carbono de toda a economia japonesa e correspondem, também, a mais do dobro das emissões da Grã-Bretanha.
Hoje, estima-se que a China já tenha ultrapassado os Estados Unidos e se tornado o maior emissor de dióxido de carbono do mundo.
Os Estados Unidos, principal destino das exportações chinesas, defendem que os países industrializados não devem cortar suas emissões, a menos que os emergentes como a China e a Índia façam o mesmo.
"Esses resultados reforçam os argumentos de que os países industrializados devem dar o primeiro passo no corte das emissões e ajudar países como a China e a Índia a diminuírem suas emissões", concluem os analistas.
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Folha Online, 19/10/2007)