O Centro de Pesquisa Ambiental Integrada da Universidade de Maryland, no Sudeste dos EUA, divulgou essa semana um
relatório sobre os impactos econômicos da mudança climática no país. Sendo o mais recente documento científico produzido sobre o tema em países desenvolvidos, ele avalia os custos com reconstruções, assim como adaptações e reformas de equipamentos e serviços urbanos necessários por conta do aquecimento global.
Uma parte do relatório é especialmente interessante para os governos de praticamente todos os países do mundo, inclusive o Brasil. Chama "Os Custos da Inação". Nele há cálculos e análises sobre como o atraso na redução das emissões de gases estufa pode encarecer dramaticamente os custos de adaptação e recuperação.
Entre as conclusões do estudo destacam-se:- Os impactos da mudança climática atingirão todas as regiões dos EUA;
- Os prejuízos de tais impactos serão maiores que os benefícios que hoje servem de argumentos para a continuidade de atividades e técnicas que comprovadamente contribuem para o aumento da concentração de CO2 na atmosfera;
- Efeitos secundários da mudança climática podem incluir aumento de preços, redução de salários e demissões em massa.
Tal teoria não é nova. O catastrofista mor da atualidade, James Lovelock, previu há pouco menos de dois anos em seu livro "
A Revanche de Gaia", que se o homem não conseguisse reduzir logo as emissões de CO2 na atmosfera atingiríamos uma concentração de gases estufa da qual não haveria retorno. Para se adaptar, o planeta entraria num estado febril que provocaria uma mudança tão drástica que condenaria dois terços da humanidade à morte. Os sobreviventes habitariam ao final de um período de até cem anos os pólos do planeta.
Exageros à parte, o fato é que no final de Setembro cientistas apontaram um
derretimento sem precendentes no gelo do Ártico, o que indicaria que atingimos o ponto de retorno previsto por Lovelock em seu livro. Se os efeitos serão mais ou menos dramáticos, ainda não se sabe. Mas a considerar que a maior parte do establishment científico está apostando sua credibilidade nessa questão, é de se admitir que a inação ou o mero jogo político de governantes em prol de vantagens econômicas imediatas, talvez seja uma aposta alta demais.
(Por Mariano Senna da Costa, Ambiente JÁ, 19/10/2007)