Mesmo com a queda na taxa do desmatamento, a floresta Amazônica corre o risco de desaparecer em breve. É o que noticiou a revista Macleans, único veículo semanal de circulação nacional do Canadá, no último dia 15. Com o título "Brasil diz que menos floresta está desaparecendo, mas desmatamento continua em uma taxa alarmante", a reportagem de Isabel Vincent comenta a tentativa do presidente Lula em fazer com que o Rio de Janeiro seja sede, em 2012, da Conferência Mundial sobre o Clima, da ONU.
Apesar da ação governamental para reduzir o desmatamento, a revista considera que "sob o governo Lula, o desmatamento na Amazônia alcançou seu maior nível. O ecológico Partido dos Trabalhadores começa a parecer inacreditavelmente cruel". Segundo Roberto Smeraldi, da Oscip Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, em entrevista para a revista, "o que Lula está dizendo agora é que, depois do desmatamento ter alcançado um pico nos seus primeiros três anos de governo, ele está diminuindo".
Na mesma reportagem, Smeraldi afirma que "Você tem que analisar isso [a queda do ritmo de desmatamento que o governo descreve] em um contexto, porque durante o primeiro mandato de Lula, o desmatamento atingiu níveis mais altos que nunca e, em média, ele continua mais alto que qualquer outra época no passado". A revista também comenta que cerca de 20% da floresta Amazônica está devastada, e aponta como causa a soja e a criação de gado: "A população de bois está crescendo em um ritmo de mais de dois milhões de cabeça a cada ano - uma enorme ameaça", diz a reportagem.
No texto, também é mencionada a Declaração das Florestas, assinada recentemente a fim de despertar os governos do mundo a "tomar atitudes urgentes em relação ao desmatamento nos trópicos, que contribui para 25% das emissões globais de carbono, atrás apenas do uso de combustíveis fósseis". Como exemplo de uma boa política na região Amazônica, é citada a demarcação dos 17 mil quilômetros quadrados da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Entretanto, há clara menção ao projeto expansionista do governo sobre a floresta: a matéria comenta o empenho do presidente Lula em pavimentar a BR-163, "para escoar a produção de soja pelo porto de Santarém (PA)", e também a implementação da Rodovia Transoceânica, "que ligará Rio Branco (AC) até os portos do Pacífico peruano".
A única maneira de preservar a floresta, segundo o pesquisador Hylton Philipson, do Global Canopy Program, e representante da Declaração em Londres, é pagando ao Estado brasileiro por "serviços ambientais", e tratando a floresta como algo de gigante utilidade. "As companhias de seguro, por exemplo, poderiam ser taxadas e a verba arrecadada, enviada aos governos para administrar as florestas tropicais", finaliza.
(Por Eduardo Paschoal,
Amazonia.org, 16/10/2007)