O uso de áreas de pastagem degradadas para a expansão das plantações de cana-de-açúcar foi defendido nesta quinta-feira (18/10) pelo pesquisador José Eurípedes da Silva, chefe-adjunto de Comunicação e Negócios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ao destacar que as pastagens ocupavam, no ano passado, 210 milhões de hectares no país, enquanto o cultivo de cana utilizava 6,2 milhões de hectares, ele afirmou que "as pastagens são a nossa maior monocultura". Silva fez essas declarações durante audiência pública realizada no Senado pela Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis.
- Boa parte das pastagens no país está degradada, sem produzir nada - frisou ele.
As áreas de pastagem degradadas são aquelas cujo solo se deteriorou devido a uma exploração inadequada para a criação de gado.
O pesquisador ressaltou que os 6,2 milhões de hectares ocupados pela cana-de-açúcar em 2006 representavam cerca de 1,69% de toda a área utilizada no país em atividades agropecuárias. Já os 210 milhões de hectares de pastagens representavam 57,38% dessa área. E a soja teria ocupado no ano passado 22 milhões de hectares, ou seja, 6%.
- Pensando em termos de disponibilidade de área, a cana, como monocultura, não representa a ameaça que tanto se fala - disse ele.
Simulação
Silva apresentou, durante a audiência, uma simulação da expansão das plantações de cana-de-açúcar sobre áreas de pastagens degradadas. Se a área ocupada pela cana triplicasse, alcançaria 18,6 milhões de hectares, aproximadamente 5% da área utilizada no país em 2006 para atividades agropecuárias. Ele observou que, mesmo assim, a área continuaria a ser menor que a atualmente explorada para o cultivo da soja.
Nessa mesma simulação, a área para pastagens, após ceder algum espaço para a cana, diminuiria para 197,6 milhões de hectares, o equivalente a quase 54% do total no ano passado - uma porcentagem próxima da original, que era de 57,38%.
(Por Ricardo Koiti Koshimizu, Agência Senado, 18/10/2007)