A definição de uma política pública para o etanol foi defendida nesta quinta-feira (18/10) por Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). Durante audiência pública realizada no Senado pela Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis do Senado, ele afirmou que o governo federal tem de apresentar uma "definição clara da participação do álcool [em termos de percentagem] na matriz energética brasileira, para que não haja um desastre nesse mercado".
- A definição tem de ser dada. E não será o mercado quem fará isso - declarou ele, acrescentando que "é necessária uma política pública que induza a execução de metas projetadas", seja quais forem elas.
Rodrigues também disse que, atualmente, a "velocidade da oferta de etanol é maior do que a projeção da demanda, o que poderá levar a um ciclo não virtuoso de queda de remuneração e desaceleração de investimentos".
- Vivemos uma euforia de expansão sem que haja um mercado estruturado - frisou ele.
Durante a audiência, os senadores Marisa Serrano (PSDB) e Valter Pereira (PMDB), ambos de Mato Grosso do Sul, estado que vem expandindo sua produção alcooleira, também manifestaram preocupação com um eventual excesso na oferta de etanol.
A solução para esse problema, de acordo com Rodrigues, está na ampliação do mercado e na otimização da infra-estrutura - o que se viabilizaria por meio da participação do governo federal.
Mercado externo
Rodrigues destacou que serão esmagadas no Brasil, neste ano, 480 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Segundo ele, mais da metade desse total será destinada à produção de álcool. E, dessa produção, a maior parte irá para o mercado externo - atualmente, o principal comprador do etanol brasileiro são os Estados Unidos.
O diretor técnico da Unica ressaltou, no entanto, que o mercado internacional é instável. Neste ano, por exemplo, as exportações serão menores que as do ano passado, porque houve um aumento na produção norte-americana desse combustível.
(Por Ricardo Koiti Koshimizu, Agência Senado, 18/10/2007)