O procurador da República João Marques Brandão Néto procurou não partir para o embate com a Polícia Federal (PF). Informado sobre o teor das declarações da delegada Julia Vergara e do chefe dela, delegado Raimundo Lopes Barbosa, Brandão afirmou que respeita a opinião deles, embora discorde.
O membro da força-tarefa manteve todas as afirmações que fez à imprensa recentemente. Entre elas a de que em novembro de 2006 houve um vazamento de informação que não foi comunicado pela PF aos procuradores e que falta "entrosamento" entra a polícia e o Ministério Público Federal (MPF).
Brandão disse que a confirmação do suposto vazamento está em áudios encaminhados ao juiz federal Zenildo Bodnar. Conforme ele, a força-tarefa já pediu ao magistrado a quebra do sigilo para que a alegada prova do vazamento seja repassada à imprensa. Até ontem Bodnar não havia analisado o pedido.
- Eu não gosto de discutir coisas, gosto de ser objetivo. O vazamento está lá (na gravação), basta o juiz quebrar o sigilo para cada um ouvir e tirar as conclusões - disse Brandão.
Com relação ao repasse de informações sigilosas que, conforme a PF, teria ocorrido antes da Operação Moeda Verde, o procurador garantiu que "nunca" ouviu falar no episódio nem teve acesso a qualquer material que indicasse a suspeita.
O juiz Bodnar foi o primeiro a ventilar a suspeita de vazamento, hipótese levantada em decisão assinada em 7 de maio, quatro dias após a operação, quando ordenou a prisão do ex-vereador Marcílio Ávila, que, na época era presidente da Santur, o órgão oficial de turismo do Estado. No dia 3, quando a PF cumpriu os mandados de prisão, o ex-vereador, um dos alvos, estava em Buenos Aires a trabalho pela Santur.
Na decisão, o magistrado registrou que "o senhor Marcílio Guilherme Ávila teve pleno conhecimento dos fatos, pela notoriedade da repercussão da operação, com indícios até de vazamento de informações sigilosas antes da operação (...)".
Mais adiante, o juiz registra que "a alegação de viagem oficial não serve como álibi (...), tendo em vista que o seu retorno estava previsto para data anterior à do início da operação".
Ontem, a delegada confirmou outro indício de vazamento em benefício de Ávila: quando cumpriram mandato de busca e apreensão na casa do ex-vereador, na Lagoa da Conceição, os agentes federais recolheram papel queimado na churrasqueira, o que foi considerado incomum.
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Diário Catarinense, 19/10/2007)