O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu na quinta-feira novas armas nucleares como parte da reestruturação militar russa, e argumentou que a experiência do Iraque mostra a necessidade de que países ricos em recursos tenham defesas sólidas. Em conversa com cidadãos russos via TV, Putin também disse que os Estados Unidos deveriam marcar uma data para retirar todas as suas tropas do Iraque, e alertou Washington a não usar a força contra o Irã.
"Graças a Deus a Rússia não é o Iraque", declarou Putin a um espectador que perguntou sobre a suposta intenção norte-americana de controlar os vastos recursos naturais da Sibéria. "(A Rússia) é forte o suficiente para proteger seus interesses dentro do território nacional e, por sinal, em outras regiões do mundo. O que estamos fazendo para aumentar nossa capacidade de defesa é a escolha correta, e vamos continuar fazendo assim."
Respondendo a um soldado que serve no Cosmódromo de Plesetek, no extremo norte, onde horas antes havia sido testado um míssil de longo alcance, Putin disse que os planos de defesa incluem uma nova tecnologia de armamentos nucleares. "Vamos desenvolver uma tecnologia de mísseis que inclua complexos (nucleares) estratégicos completamente novos. O trabalho continua, e continua com sucesso. Não só vamos dar atenção a toda a tríade nuclear - forças estratégicas de foguetes, aviação estratégica e a frota de submarinos nucleares - como também a outros tipos de armas."
A cerca de dois meses das eleições parlamentares, Putin celebrou o crescimento econômico e a melhoria do padrão de vida no país. Mas, falando a espectadores de várias cidades, ele admitiu que a inflação, que já atinge 8,5 por cento desde janeiro e supera a meta do governo para o ano inteiro, é um problema, que ele atribuiu a fatores econômicos globais, como cortes nos subsídios agrícolas europeus e a demanda por biocombustíveis.
Putin também argumentou que a crise demográfica russa está se resolvendo, pois a taxa de natalidade atinge seu maior nível em 15 anos e a taxa de mortalidade reduziu-se aos patamares de 1999. Mais de um milhão de russos se candidataram para fazer perguntas a Putin. É o sexto ano consecutivo dessa entrevista, quase certamente a última do gênero antes de o presidente encerrar seu segundo mandato, no ano que vem. A Constituição o proíbe de buscar a reeleição novamente em março de 2008.
Putin prometeu apoiar alguém que considere capacitado a sucedê-lo. As pesquisas indicam que ele conseguiria transferir sua forte popularidade ao seu escolhido. Aos 55 anos, o líder do Kremlin afirmou que vai manter sua influência após deixar o poder. Neste mês, ele acenou com a hipótese de se tornar primeiro-ministro. Alguns observadores não descartam que ele tente voltar posteriormente à presidência.
(Por Michael Stott,
Reuters, 18/10/2007)