O sistema de cultivo pré-germinado é utilizado em quase todas as regiões produtoras de arroz do Estado e apresenta uma série de vantagens para os arrozeiros, que vão desde o controle de plantas daninhas até a semeadura na época adequada em condições climáticas desfavoráveis. Quem explica é a agrônoma do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Vera Macedo, alertando, também, para os cuidados que devem ser tomados nesse sistema de cultivo, que representa 10% da área plantada no RS.
Após o preparo do solo e a semeadura do arroz pré-germinado, alguns produtores costumam drenar a lavoura para facilitar a fixação das plântulas. Essas drenagens causam perdas significativas de partículas de solo e nutrientes. “Se o orizicultor drenar a lavoura, além dessas perdas, ele usará um volume alto de água e consumirá mais energia”, afirmou Vera. A drenagem pode causar também danos ambientais. “O Irga monitora a turbidez da água em Camaquã, nas Bacias dos Sinos e Gravataí e em Paraíso do Sul, na Depressão Central gaúcha”, explicou.
A preocupação é quanto à retirada da água da lavoura, que pode contaminar os mananciais hídricos. Todo o trabalho realizado pelo Irga é de conscientização. O instituto orienta os produtores sobre a manutenção da lâmina de água durante todo o processo, o que reduz os riscos ambientais e os gastos. Conforme pesquisas realizadas pelo Irga, a produtividade da cultura não é afetada com a manutenção da lâmina de água permanente na lavoura desde o preparo do solo. Para isso, a lâmina deve ser baixa e o mais uniforme possível.
O município de Agudo, na Depressão Central, é um dos exemplos do bom manejo desse sistema. Lá, os produtores semeavam o arroz e retiravam a água cerca de três dias após o plantio. O agrônomo do Irga Clairton Petry explica que o que antes era um mito virou regra nas lavouras do município. “A maior parte dos produtores do pré-germinado já não retiram mais a água da lavoura”, disse Petry. Os seguidos encontros, até mesmo informais, motivaram a mudança gradual, mas fiel dos produtores de Agudo.
Na Planície Costeira Interna, o Irga mantém um projeto para manutenção da água na lavoura. De acordo com o agrônomo Carlos Nassif, do Irga de Guaíba, foram implantadas 11 unidades demonstrativas onde os produtores não retiraram a água da área plantada e apenas repuseram quando faltava o recurso. “A medida evita perdas de solo e nutrientes e o despejo de resíduos que foram aplicados na lavoura aos mananciais”, enfatizou Nassif.
Ainda nesta região, outros projetos estão em andamento visando a sustentabilidade ambiental da lavoura e orientações sobre a legislação ambiental. Em Camaquã, um convênio do Irga com a Associação dos Usuários do Arroio Duro (AUD) permite o monitoramento da qualidade da água na lavoura. Nesta região, que abrange também Guaíba, Tapes, São Lourenço do Sul e General Câmara, cerca de 45 mil hectares são plantados com o sistema pré-germinado, o que representa 33% da área semeada da Planície Costeira Interna.
Vantagens
As vantagens do sistema pré-germinado são muitas. Além de poder ser semeado com chuvas e condições climáticas adversas, o sistema permite a semeadura na época correta, recomendada pelo Irga até a primeira quinzena de novembro. Mas o principal benefício é o controle do arroz vermelho, maior praga da lavoura orizícola gaúcha. “A lâmina da água dificulta a emergência das plantas daninhas”, salientou Vera Macedo. Os produtores podem, ainda, aproveitar a água das chuvas da primavera para inundar as áreas.
(Ascom Governo do Estado do RS, 18/10/2007)