A Polícia Federal cumpriu na manhã de ontem (18/10), um mandado de busca e apreensão em uma madeireira localizada na Grande Vitória, como parte da operação Wood Stock, deflagrada em sete estados. O objetivo é desmantelar uma organização criminosa que atua na extração e exportação ilegal de madeiras nobres, em especial o jacarandá-da-Bahia.
No Estado, foram apreendidos recibos de pagamentos, notas fiscais, cópias de e-mails, HD de computador, entre outros documentos. A operação foi executada por agentes da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico no Espírito Santo (Delemaph), que não revelaram detalhes.
Ao todo, no Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Piauí e Distrito Federal foram cumpridos 25 mandados de prisão e 67 mandados de busca e apreensão expedidos pela 9ª Vara Federal Criminal, em Belo Horizonte, por 350 policiais. Mandados judiciais também foram executados pelo U.S. Fish And Wildlife Service na cidade de Massachusetts, nos Estados Unidos.
As investigações começaram há cinco meses e revelaram que o jacarandá-da-Bahia (Dalbergia nigra) era extraído principalmente no sul da Bahia e enviada de forma fraudulenta ao Espírito Santo e Minas Gerais para beneficiamento e exportação. O corte da madeira era feito sem documentação legal e seu transporte para outras localidades era procedido com a utilização de documentos que acobertavam somente parte da carga, e com valor subestimado. As espécies valiosas eram camufladas em meio às outras, o que dificultava a fiscalização.
O principal foco da atividade predatória localiza-se na mata atlântica, sendo que a atividade se concentrava mais no sul da Bahia e norte do Estado. A quadrilha tinha como intuito o contrabando da madeira, por meio de cargas enviadas via correios e contêineres, principalmente para os Estados Unidos.
A madeira era utilizada na fabricação de instrumentos musicais, também vendidos pela Internet. Nos últimos quatro anos, foram exportadas pelo menos 13 toneladas do produto. A investigação foi desenvolvida com auxílio de cooperação internacional nos Estados Unidos por meio da U.S. Fish and Wildlife Service, agência norte-americana de repressão aos crimes ambientais, que passaram a monitorar as remessas de madeira para aquele país.
Agentes públicos também trabalhavam no esquema, liberando cargas irregulares e avisando os madeireiros sobre fiscalizações e blitz da polícia ambiental, o que facilitava a ocultação dos ilícitos e garantia a impunidade.
A madeira jacarandá-da-Bahia é classificada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como espécie da flora brasileira ameaçada de extinção e sua exploração tem que estar de acordo com o que determina o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Como ainda não foram estabelecidos critérios técnicos que assegurem o manejo sustentável de tal espécie, sua exploração está proibida.
(Século Diário, 19/10/2007)