Gerar energia e obter cerca de R$ 1,8 mil mensais para sustentar a família com a produção de dendê. Para cerca de 185 famílias do município de Moju, no Pará, a agroenergia representa a principal fonte de renda. Esse foi um dos exemplos citados nesta quinta-feira (18/10) no Seminário de Agroenergia e Desenvolvimento de Comunidades Rurais Isoladas, em Brasília.
Segundo a consultora em biocombustível Kátia Fernanda Monteiro, o incentivo à geração de energia com recursos naturais locais serve de exemplo para outras comunidades e pode ser estendido para todas as regiões do país. “A experiência [do dendê] é muito viável e o modelo pode ser aplicado em várias comunidades, desde que em afinidade com o clima”, explica.
Para Kátia, incentivar a geração de energia local com recursos naturais eleva a qualidade socioeconômica da comunidade ou município. “É visível a melhora nessas comunidades. Há aquisição de bens, de utensílios domésticos e a escolaridade tem melhorado. Então, os benefícios são muitos”, disse.
A renda pode ser ampliada nos períodos de safra. De setembro a março, época da colheita no Pará, os pequenos agricultores podem obter até R$ 3,5 mil. As famílias plantam o dendê e produzem eletricidade do óleo da planta. O restante da produção é vendido para ser usado em comidas típicas da culinária brasileira, como vatapá e acarajé.
A agroenergia, diz a consultora, representa uma alternativa para comunidades com dificuldade de acesso à eletricidade. “Esse modelo [gerar energia por meio da produção agrícola] pode ser aplicado em pequenas comunidades da Amazônia, já que é muito difícil chegar energia elétrica de forma tradicional em alguns lugares”, ressaltou. No Pará, de acordo com Kátia, somente 15% dos 2 milhões de habitantes têm acesso à energia.
O coordenador de Ações Integradas do Ministério de Minas e Energia, Marcelo Zonta Melani, diz que é essas ações podem ser incorporadas ao Programa Luz para Todos. A agroenergia, de acordo com ele, representa uma maneira de o governo superar as dificuldades para a universalização da energia provocadas pela localização das pequenas comunidades rurais. Segundo ele, cerca de 12 milhões de pessoas não têm acesso à energia no país. Dessas, 10 milhões estão na área rural.
(Por Bárbara Lobato, Agência Brasil, 18/10/2007)