Epifitismo é a forma de relação harmônica interespecífica des plantas que se desenvolvem sobre outras sem parasitá-las (Blanquet, 1979).

A maioria das epífitas são encontradas nas Florestas Tropicais Úmidas
(Rizzini, 1992) sendo responsáveis por parte significativa da diversidade
destes locais (Nadkarni, 1986), totalizando aproximadamente 23.500 espécies, pertencentes a 84 famílias e 876 gêneros (Benzing, 1990). As temperaturas mais ou menos elevadas, associadas a precipitações intensas e regulares, podem favorecer o desenvolvimento de comunidades epifíticas altamente diversificadas, cuja composição florística e estrutura comunitária ainda são pouco conhecidas (Waechter, 1998).

As adaptações epifíticas envolvem tanto aspectos vegetativos, que garantem a sobrevivência no dossel das florestas, como reprodutivos, que garantem a colonização de espaços desocupados (Waechter, 1992). Alguns exemplos destas incríveis modificações são o reservatório de água e nutrientes formado pelas folhagens de inúmeras espécies de bromeliáceas (Went, 1968; Reitz, 1983; Joly, 1998; Hopkins & Nara, 1999), as raízes de muitas orquidáceas com suas estruturas especializadas para a absorção de água, minerais e matéria
orgânica (Soares, 1993), e a rusticidade dos pteridófitos e musgos capazes de sobreviverem com uma pequena fração de umidade retirada da atmosfera (Rizzini, 1992).

“A importância ecológica do epifitismo nas comunidades florestais consiste na manutenção da diversidade biológica e no equilíbrio interativo entre as espécies proporcionando recursos alimentares como frutos, néctar, pólen e água e microambientes especializados para a fauna do dossel, constituída por uma infinidade de organismos voadores, arborícolas e escansoriais” (Waechter, 1992). “A capacidade de elaborar quantidades consideráveis de biomassa suspensa, associada a retenção de água e detritos, lhes confere um importante papel na produtividade primária e na ciclagem de nutrientes da floresta” (Nadkarni, 1986).

As epífitas também funcionam como bioindicadores do estágio sucessional da vegetação, tendo em vista que comunidades em fases secundárias apresentam menor diversidade epifítica do que comunidades primárias (Budowski, 1965).
Em função das características fisiológicas e nutricionais, as epífitas têm
um papel fundamental em estudos sobre a interferência antrópica no ambiente, uma vez que as mesmas se utilizam da umidade atmosférica absorvendo-a diretamente pelas folhas ou talos, tornando-se mais expostas às ações dos poluentes (Aguiar et al., 1981). Segundo Nadkarni (1986), as epífitas ainda atuam como indicadores globais de mudanças climáticas.

Referências Citadas

AGUIAR, L.W., et al., Composição florística de epífitos vasculares numa área
localizada nos municípios de Montenegro e Triunfo, Rio Grande do Sul,
Brasil. Iheringia (Série Botânica) 28:55-93. 1981.
BENZING, D. H. Vascular epiphytes. Cambridge University Press. Cambridge,
1990.

BLANQUET, V. Fitosociologia; bases para el estudo de las comunidades
vegetales. Madrid, Espanha, H. Blume. 1979.
BUDOWSKI, G. Distribution of tropical American rain forest species in the
light of sucessional processes. Turrialba. 15 (1), p.40-42. 1965.
HOPKINS, M. J. G.; NARA, A. K. Bromeliaceae. In: _______.Flora da Reserva
Ducke. Manaus: INPA-DFID, 1999.
JOLY, A. B. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 12 ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1998.
NADKARNI, N. M. An ecological overview and checklist of vascular epiphytes
in the Monteverde cloud forest reserve. Costa Rica. Brenesia 24:55-632.
1986.
REITZ, R. Bromeliáceas e a malária - bromélia endêmica. In: _______. Flora
Ilustrada Catarinense. fascículo Bromélia. 1983.
RIZZINI, C. T. Tratado de fitogeografia do Brasil. Hucitec. São Paulo, 1992.
SOARES, J. L. Dicionário etimológico e circunstanciado de Biologia.
Scipione, São Paulo, 1993.
WAECHTER, J. L. O epifitismo vascular na planície costeira do Rio Grande do
Sul. Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos,
1992.
WAECHTER, J. L. O epifitismo vascular em uma Floresta de Restinga do Brasil
subtropical. Revista Ciência e Natura. 20:43-66. 1998.
WENT, F. W. As plantas. Life. Rio de Janeiro, 1969.

(Por Selma dos Santos Feitosa, M.Sc em Agronomia, e Juliano Ricardo Fabricante, Doutorando em Agronomia, para Envolverde/Assessoria, 18/10/2007)