A Polícia Federal (PF) desmontou nesta quinta-feira (18/10) uma organização criminosa que extraía e exportava ilegalmente para os Estados Unidos madeiras nobres, principalmente jacarandá-da-Bahia, utilizada na fabricação de instrumentos musicais. Dois policiais militares faziam parte do grupo. Ao todo, 23 pessoas foram presas. A PF não divulgou o nome do líder da organização, que está preso.
Segundo a chefe da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF em Minas Gerais, Tatiana Torres, os presos podem responder por dois crimes ambientais: manter estoque de madeira irregularmente e retirar espécies em extinção de floresta de domínio público. E também por cinco outros crimes, chegando a 34 anos de reclusão.
De acordo com as tarefas na organização, eles responderão por contrabando qualificado, lavagem de dinheiro, uso de documentação falsa, falsificação de documentos e desobediência, no caso do líder do grupo, que “tomou conhecimento de que o galpão havia sido lacrado pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais e ainda assim mandava os empregados tirarem o lacre e comercializassem a madeira que estava interditada”, informou a delegada, que presidiu as investigações.
Tatiana Torres disse também que o trabalho dos dois policiais militares era o de avisar quando haveria fiscalização no galpão onde era estocada a madeira. O grupo também cortava a madeira sem documentação legal e utilizava documentos e notas "frias" para fazer o transporte a outros estados e acobertar parte da carga, com valor inferior ao previsto.
A PF estima que nos últimos quatro anos mais de 13 toneladas da madeira tenham sido exportadas ilegalmente. O jacarandá-da-Bahia, por estar em extinção, tem sua exportação proibida.
O principal alvo da quadrilha era a Mata Atlântica e a extração se concentrava, principalmente, no sul da Bahia. Mas era feita também em outros cinco estados – Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Piauí – e no Distrito Federal. A madeira era exportada do Espírito Santo e de Minas Gerais, pelo correio ou em aviões.
Após cinco meses de investigações, a operação batizada de Wood Stock foi coordenada pela PF de Minas Gerais e ocorreu simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos, onde a agência de repressão aos crimes ambientais, US Fish and Wildlife Service, monitorou as remessas de madeira e executou os mandados judiciais na cidade de Massachusetts.
No Brasil, 350 agentes federais participam da operação com apoio de 50 policiais militares de Minas Gerais e do Instituto Estadual de Florestas.
A exploração do jacarandá-da-Bahia está listada na Primeira Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites), que regulamenta a exportação e importação e facilitou a cooperação entre os dois países.
(Por Alessandra Bastos, Agência Brasil, 18/10/2007)