São muitas as discussões a respeito da plantação de eucaliptos no Rio Grande do Sul. Cada um quer impor sua ideologia. Alguns entendem que é progresso, outros acham que é atraso. Na verdade, há muita gente dando palpite sobre o que não entende. Essa avaliação tem de ser feita por técnicos e não por leigos. Lembram as discussões em torno dos transgênicos? Quanta bobagem foi dita. E agora? O que se houve?
O termo reflorestamento vem sendo empregado no que se refere às plantações de árvores em nossos campos. Na verdade, o termo correto seria florestamento. Reflorestamento seria a reposição de florestas onde elas já existiram e foram dizimadas. No caso de novas plantações de árvores, onde nunca existiram, seria a criação de florestas, portanto, florestamento.
Projetos apresentados pelas empresas estão dentro da legislação brasileira e internacional de preservação ambiental. Cabe às autoridades responsáveis fiscalizar com seriedade, fazendo com que as leis e os protocolos sejam cumpridos à risca. Nenhum projeto poderá dar certo se não houver rigor na fiscalização.
Vejam o caso das lavouras. Há leis para a proteção ambiental, mas muitos não cumprem. Plantam soja até a beira dos rios e córregos, sem respeitar a distância mínima exigida. Permitem que venenos atinjam os rios, matando quase todos os peixes. Jogam embalagens de defensivos em qualquer lugar, permitindo que contaminem o terreno em sua volta. Lavam máquinas agrícolas em rios, barragens e sangas, contaminando água, animais, peixes e aves. Quando empregam bombas de sucção em rios e barragens, não colocam tela de proteção na boca da bomba. Isso permite que milhares de alevinos e lambaris sejam jogados nas lavouras onde, com certeza, morrerão. Sabemos que esse é um dos motivos de termos tão poucos peixes em nossos rios.
Voltando às florestas, já imaginaram se fosse outro governo que fizesse o plano de exploração sustentável da Floresta Amazônica? Pois é. A ministra Marina Silva, com o apoio do presidente Lula, lançou esse plano, que permitirá a exploração da floresta por particulares. Isto é, quem estiver habilitado, poderá cortar as árvores de seu lote para venda da madeira. É claro que existem vários protocolos, leis e determinações que deverão ser respeitadas. Dará certo? Não sei. O que afirmo é que, se não houver intensa fiscalização, a coisa pode acabar em perdas irreparáveis à floresta que é tida como o "pulmão" do mundo.
*ALFRAN CAPUTI/ Cirurgião-dentista e militar da Aeronáutica da reserva
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Diário de Santa Maria, 18/10/2007)