Fiscais do Ministério do Trabalho encontraram hoje dezenas de trabalhadores rurais, migrantes de estados do Nordeste, trabalhando e morando em condições degradantes nos canaviais do interior de São Paulo. Num dos alojamentos, os lavradores dividiam espaço com porcos criados pelos caseiros. No campo, cortadores de cana eram obrigados a comprar equipamentos de segurança e a trabalhar doentes.
As blitze fazem parte de uma grande operação, levada a cabo por quatro equipes formadas por três procuradores federais e 15 auditores do Grupo Estadual de Fiscalização Rural do Ministério do Trabalho. As blitze visam checar as condições de trabalho e de moradia em seis usinas e duas empresas fornecedoras de cana da região de São José do Rio Preto, denunciadas por abuso contra os trabalhadores.
De acordo com o grupo, 129 trabalhadores trazidos de Pernambuco, Bahia, Paraíba, Minas Gerais e Piauí foram encontrados em três alojamentos precários nos municípios de Poloni, Sebastianópolis e Macaubal. Em Sebastianópolis, 80 trabalhadores estavam amontoados num barracão improvisado como moradia numa antiga fábrica de bicho-da-seda, na área rural de Macaubal. Outro alojamento, também precário, foi encontrado em Poloni, no fundo de um hotel, onde 12 trabalhadores viviam amontoados em quatro cômodos.
Ao fiscalizar uma frente de trabalho, no município de Barbosa, fiscais constataram diversas irregularidades no campo. Trabalhadores relataram a quebra de contrato para pagamento do corte da cana e denunciaram a exploração na entrega de equipamentos de proteção - que, ao invés de serem doados, eram vendidos para eles - e irregularidades no atendimento médico. De acordo com fiscais, um dos migrantes foi encontrado trabalhando com um tumor no pé. As usinas estão sendo autuadas. As blitze terminam na sexta-feira.
(
Agência Estado, 17/10/2007)