A polícia escoltou com segurança um grupo do Greenpeace para fora de uma remota cidade no Pará nesta quarta-feira, após centenas de moradores locais, incluindo dezenas de madeireiros com caminhões, carros e motos terem cercado os ativistas na sede local do Ibama, em protesto contra uma campanha anti-aquecimento global na cidade.
O incidente, ocorrido em Castelo dos Sonhos é o segundo em quase dois meses relacionado ao Greenpeace na Amazônia, e destaca a violência que costuma marcar conflitos em torno dos recursos naturais, envolvendo proprietários de terra e madeireiros de um lado, e agricultores e índios do outro.
Os madeireiros forçaram o Greenpeace a abandonar um tronco de árvore de 13 metros que estava levando para uma exposição sobre o aquecimento global em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Cerca de 30 madeireiros de Castelo dos Sonhos bloquearam o comboio do Greenpeace na terça-feira com dois caminhões, obrigando os ambientalistas a buscar refúgio no escritório do Ibama.
O impasse terminou de forma pacífica quando a polícia escoltou os oito ativistas para fora da cidade, disse Andre Muggiati, do Greenpeace, por telefone, em Manaus.
O governo federal cancelou na quarta-feira a autorização que tinha dado para o transporte do tronco, afirmando que o grupo havia criado conflitos com a população local.
"A árvore, queimada ilegalmente em terras públicas no oeste do Pará, simboliza a rápida destruição da Amazônia e seria exibida para chamar a atenção da população sobre a necessidade urgente de zerar o desmatamento na Amazônia e, assim, contribuir para reduzir as emissões brasileiras de gases que provocam o aquecimento global", disse o Greenpeace em um comunicado.
Soldados patrulham a área desde o assassinato da freira norte-americana Dorothy Stang, em 2005, por pistoleiros.
Os ativistas do Greenpeace se queixavam de que a situação estava muito tensa e que não havia segurança para que a equipe deixasse o local. Os madeireiros exigiam que o Greenpeace deixasse para trás o tronco de árvore.
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Reuters, 17/10/2007)