Para homenagear o transcurso do Dia Mundial da Alimentação, comemorado na terça-feira (16/10), o senador Osmar Dias (PDT-PR) propôs a realização de um sério zoneamento agroecológico, econômico e social em todo o território nacional, para acabar de uma vez com as dúvidas sobre a produção de biocombustíveis e a de alimentos. O senador disse, em discurso nesta quarta-feira (17/10), que essa medida poderá estabelecer uma melhor distribuição geográfica para os diferentes tipos de plantio.

Osmar Dias mencionou a realização, na terça-feira, do congresso da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), com a presença de chefes de estado de 190 países, para celebrar o Dia Mundial da Alimentação. Na oportunidade, foi emitida uma nota propondo uma moratória de cinco anos na produção de biocombustíveis em favor da produção de comida. Ele lembrou que compareceu a evento semelhante em 1995, quando foi estabelecida a meta de diminuir em 50% a fome no mundo até o ano 2015.

- É bom analisarmos se isso vem ocorrendo, porque já estamos em 2007 e mais da metade do caminho já foi percorrido. E a resposta é não. Hoje, no mundo, segundo dados da própria FAO, quase um bilhão de pessoas passam fome todos os dias. Dentre elas, 24 mil pessoas morrem de fome todos os dias. Se formos considerar as pessoas que morrem por algum motivo vinculado à desnutrição, à falta de uma alimentação adequada, são cem mil pessoas por dia. Isso é muito mais do que qualquer guerra, qualquer epidemia - alertou.

O senador afirmou que a existência, no Brasil, de um programa chamado Bolsa-Família é a negação da segurança alimentar, pois um país que tem segurança alimentar não precisa distribuir cestas básicas. Para ele, a segurança alimentar só é alcançada com soluções permanentes de combate à fome, que passam obrigatoriamente pela geração de empregos. O senador assinalou que 14 milhões de brasileiros dormem e acordam com fome e os programas assistencialistas combatem o problema com lentidão.

- Não posso me conformar em ver, em uma cidade como São Jerônimo da Serra (PR), por exemplo, que 80% das famílias receberem Bolsa-Família. Isso significa que 80% das famílias estão desempregadas. Será este o Paraná que queremos? Será este o Brasil que queremos? Precisamos debater esse assunto com mais seriedade. Numa campanha eleitoral, é claro ninguém pode dizer que vai acabar com os programas de assistência social ou assistencialistas, mas nós temos que ter a coragem de, ao lado desses programas, colocar soluções permanentes, dizer quais são os projetos que podem gerar emprego e renda e atrair novos investimentos, em vez de espantá-los de nossos estados - afirmou.

(Por Ricardo Icassati, Agência Senado, 17/10/2007)