Com a certeza de que, para garantir a qualidade dos recursos hídricos é indispensável conservar a floresta em pé porque a saúde de ambos é intrínseca e indissociável, é que começou a ser executado o projeto "União dos povos da floresta para proteção dos rios Juruena e Aripuanã", no noroeste de Mato Grosso. O projeto, que tem duração prevista de dois anos, visa desenvolver estratégias de alternativas sustentáveis para agricultores familiares, seringueiros e povos indígenas.
Financiado pela Petrobras, através de seu programa ambiental e tendo como proponente o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã e agências parcerias a Secretaria Estadual de Meio Ambiente - SEMA e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD através do projeto de conservação da biodiversidade e uso sustentável das florestas do noroeste de Mato Grosso, a meta é atender cerca de 450 famílias, com o fomento de atividades florestais sustentáveis e da recuperação de 200 hectares na região, por meio de quatro linhas de ação: apoiar as formas de organização social desses grupos; desenvolver ações de Educação Ambiental para conservação dos recursos hídricos; recuperar áreas desmatadas com Sistemas Agroflorestais e desenvolver atividades produtivas que valorizem a floresta em pé.
Em relação aos agricultores, a expectativa é gerar modos de produção econômicos no projeto de assentamento Lontra, em Aripuanã, que façam com que a floresta não seja mais vista como um obstáculo, mas sim como possibilidade de geração de renda. Já para o povo indígena Rikbaktsa e seringueiros da Reserva Extrativista Guariba Roosevelt que, de acordo com o Plácido Costa, coordenador técnico do projeto, já enxergam a floresta como parte de seu patrimônio social, o objetivo é apoiar o aprimoramento do processo de extrativismo fazendo uma transição para o manejo com geração de renda. Para isso eles apostam no manejo da castanha-do-Brasil, seringa e copaíba como alternativas concretas para a finalidade do "União...".
Costa explicou que a seringa é uma das espécies símbolos para o projeto, uma vez que a maior densidade delas está sempre próxima a calha dos rios. Conforme ele, este fato é um incentivo a mais para essas populações não promoverem derrubadas nesses locais e fazer uma gestão das matas ciliares.
Para que as ações esperadas sejam alcançadas, diversas parcerias com outros projetos e entidades da região noroeste já foram estabelecidas ou em construção. No caso da seringa, por meio do Projeto de Conservação da Biodiversidade e Uso Sustentável das Florestas, desenvolvido com recursos do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), um acordo com a empresa de pneus Michelin foi firmado. Pela proposta, a empresa se compromete a comprar toda a produção de látex no âmbito do projeto. A expectativa é que este compromisso anime agricultores, seringueiros e índios a manejar de forma sustentável as seringas nativas da região.
Outra alternativa econômica planejada é a introdução de sistemas agroflorestais, tendo a pupunha como carro-chefe para incremento de renda. Os coordenadores do projeto vêem que o palmito é uma demanda real. Somente na região noroeste de Mato Grosso existem três indústrias de beneficiamento da pupunha operando ou em fase final de instalação, poderão absorver parte da produção.
(
24 Horas News, 16/10/2007)