O governador Blairo Maggi apresentou ontem (16/10), para universitários, empresários, ambientalistas e professores, durante visita a Wageningen University and Research Center, instituição de ensino e pesquisa da Holanda e uma das mais conceituadas do mundo, os números da atividade agrícola no Estado. Ele foi precedido pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Reinhold Stephanes, que mostrou resultados do Brasil no setor do agronegócio. O primeiro a falar foi o diretor de Comércio e Indústria do Ministério da Agricultura da Holanda, Roel Bol, que abordou o tema 'agricultura sustentável'.
O governador mostrou que Mato Grosso utiliza apenas 7,6% do seu território para a agricultura, mantendo 64% dos seus 906.807 mil quilômetros quadrados intactos, uma extensão territorial maior que o país da França.
A área que corresponde à Amazônia Legal no Estado representa apenas 0,66% ou 3,7% da sua extensão territorial. Esses são alguns números que refutam a versão segundo a qual a produção de grãos, encabeçada pela soja (6,5% do território), seria responsável pelo desmatamento da região, a produção de soja representa menos de 2%. Maggi explicou ainda que o Estado tem respeitado os três pilares da sustentabilidade na produção agrícola, incluindo a produção de soja: renda, responsabilidade social e ambiental.
Entre as ações do Governo de Mato Grosso na busca da produção sustentável foram destaques na palestra o pacto ambiental, assinado em agosto, durante a Bienal dos Negócios da Agricultura, em Cuiabá, tem como meta principal garantir que até 2010 não tenha nenhum hectare de soja plantado em Área de Preservação Permanente (APP) e haja a recuperação das áreas degradadas. Um levantamento da Aprosoja identificou que existe cerca de 50 mil hectares plantados em APP´s. O que representa 0,6 de toda a área agrícola plantada de Mato Grosso. De acordo com representantes dos produtores de soja,o primeiro passo foi suspender o plantio nessas áreas e depois recuperar a área degradada.
Blairo Maggi reforçou que a assinatura do pacto ambiental é uma das formas de mostrar ao Brasil e ao mundo o que Mato Grosso tem feito concretamente para se conseguir uma produção sustentável com preservação ambiental. “Nós estamos trabalhando para produzir de forma correta, fazer as coisas como a lei determina, sem prejudicar o desenvolvimento da economia”, destacou o governador.
Para o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e ex-presidente da Aprosoja, Rui Prado, a ação é inédita. Segundo ele, esta é a primeira vez que um segmento do setor produtivo se compromete com a adoção de atividades econômicas sustentáveis, tendo o apoio de órgãos públicos e entidades da sociedade civil. “Os produtores de soja têm interesse em adotar práticas ambientalmente equilibradas e também em verem seus produtos certificados. É uma questão de preocupação com o futuro, com a sustentabilidade do negócio e também de mercado”, observa Prado.
O Sistema de Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais (SLAPR), capaz de constatar os desmatamentos ilegais nas propriedades licenciadas, por meio de imagens de satélite e fiscalização em campo, é uma ferramenta tecnológica que o Estado possui, única no mundo, de acompanhamento das ações ambientais e de monitoramento público.
O secretário de Projetos Estratégicos de Mato Grosso, Clóves Vettorato, que acompanha a comitiva, salientou que a palestra do governador de Mato Grosso foi contundente e surpreendeu o público participante com o avanço nas ações ambientais de Mato Grosso.
O representante dos produtores destacou que as palestras do ministro e do governador foram esclarecedoras para a opinião pública na Europa. Conforme Rui Prado, oportunidades como esta mostram o que Mato Grosso tem feito e também a dimensão territorial de Mato Grosso. “Hoje eles perceberam que cabem 21 Holandas dentro de Mato Grosso e com isso mostramos também os mecanismos de controle. Muda a visão deles em relação ao que ocorre em Mato Grosso e no Brasil”, afirmou Rui Prado.
Prado destacou ainda que Mato Grosso está representado no Fórum RTRS ( que significa Mesa Redonda da Soja Sustentável), um espaço de discussão internacional e muito respeitado na Holanda, esse Fórum definirá o que é soja sustentável e quais os critérios de avaliação. “Mais uma vez Mato Grosso está saindo na frente, porque estamos participando dessas decisões e deixamos claro aos europeus que já estamos fazendo o que é preciso para uma produção sustentável”, completou Prado.
A remuneração ao produtor e ao Estado que não fizer a abertura de novas áreas, dentro do percentual que teria direito legal para desmatar (20% floresta e 65% cerrado) é o que defende a proposta de desmatamento evitado. O Governo de Mato Grosso levantou essa bandeira na viagem aos Estados Unidos da América (em abril passado), durante Fórum ambiental em Washington e voltou a defendê-la na Holanda. Foi um dos assuntos explanados na palestra do governador.
A idéia desta compensação é nova e faz parte da estratégia do governo de valorização da “Floresta em Pé”. O que o Governo do Estado está buscando, junto com o Banco Mundial, são alternativas da criação de fundos de compensação para o desmate evitado. “Dentro da legalidade, o produtor que não fizer a abertura de novas áreas, será recompensando por isso. O importante é que não só o produtor receba por não desmatar, mas também o Estado para que a sua economia não pare”, explica o governador.
O desmatamento evitado é uma discussão que vinha sendo feita, até agora, entre o Governo do Estado, ONGs e produtores rurais. O que está sendo discutido ainda é de que forma isso seria feito. Blairo Maggi é claro ao defender que a Amazônia é importante para o mundo, no que se refere ao controle do aquecimento global, entre outros, mas ele insiste que o mundo precisa contribuir economicamente para que o Brasil e Mato Grosso cumpram a meta.
A agenda da comitiva mato-grossense continua nesta segunda-feira. A próxima parte dos compromissos inclui debate com as Organizações Não Governamentais(ONG´s).
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Só Notícias, 16/10/2007)