Os 60 integrantes de assentamentos da região da Campanha presos ontem à tarde pelo Pelotão de Operações Especiais (POE) da Brigada Militar de Bagé, por terem invadido uma área do projeto de florestamento da Empresa Votorantim Celulose e Papel, na divisa de Hulha Negra e Aceguá, tiveram que prestar depoimento na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) do município. Os acusados foram recolhidos em dois ônibus, dois automóveis e uma motocicleta, e com eles facões, enxadas e foices usados para destruir eucaliptos de uma área de 25 hectares plantados, mais 2 quilômetros de cerca, da antiga Fazenda Aroeira, usada no cultivo.
Os colonos foram mantidos incomunicáveis dentro dos ônibus e nas dependências do ginásio cedido pela Escola Espírito Santo e começaram a ser ouvidos por volta das 17h30min. Segundo o delegado Luis Eduardo Benites, da DPPA, a partir dos depoimentos deles e dos representantes da propriedade invadida, foi elaborado um Termo Circunstanciado (TC) que será encaminhado ao Juizado Especial Criminal, para adoção das medidas cabíveis.
A prisão dos colonos foi coordenada pelo comandante regional da BM, coronel Lauro Biensfield, e pelo comandante do 6º Regimento de Polícia Montada (6º RPMon) de Bagé, coronel Leonel Andrade.
Segundo Andrade, houve oito prisões em flagrante por corrupção de menores e um mandado de prisão de condenado de Palmeira das Missões. Segundo ele, todas as medidas foram tomadas conforme a lei, no sentido de responsabilizar os infratores. Já o presidente da Associação/Sindicato Rural de Bagé, Paulo Ricardo Dias, afirmou que, da forma como tudo ocorreu, houve condições plenas para a lavratura de flagrante. Ele destacou também que as ações do MST são anunciadas com antecedência e precisam ser coibidas de maneira enérgica pelas autoridades.
Mudas da Stora Enso também são devastadasLideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina destruíram meio hectare de mudas de eucalipto em uma fazenda pertencente à sociedade florestal Stora Enso, na divisa de Livramento e Rosário do Sul. Por volta das 7h30min, 30 manifestantes ingressaram na propriedade e, com facões e gadanhas, passaram a devastar as plantas, que cobrem 75% dos 2,5 mil hectares da fazenda. Duas horas mais tarde, os manifestantes se dispersaram e abandonaram a área. Conforme uma das líderes do MST, Carla Soares, o protesto fez parte das atividades que marcaram o Dia de Luta Contra as Transnacionais.
Segundo ela, a manifestação é um aviso de que as ações em defesa da reforma agrária não cessaram na Fronteira Oeste. 'As transnacionais financiadas com dinheiro público, que buscam espaço de terras agricultáveis que servem para a produção de alimentos, estarão motivando futuros enfrentamentos na região', alertou.
A Stora Enso registrou ontem a ocorrência policial da invasão da Fazenda Tarumã, localizada em Rosário do Sul, cuja área é de 2,075 hectares, dos quais 728 hectares (30%) plantados com eucaliptos. O registro ocorreu no próprio local, com a presença de soldados da Brigada Militar. A fazenda estava sob interdito proibitório, decisão judicial que proibia o acesso à área pelo MST. Foram serradas, ao todo, 40 árvores - eucaliptos plantados em novembro de 2006. A ação, segundo testemunhas, foi executada por um grupo composto por oito ou nove pessoas. Elas chegaram ao local onde foram cortados os eucaliptos em dois veículos, numa ação rápida.
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Correio do Povo, 17/10/2007)