Um movimento lançado ontem pretende difundir em todo o Estado uma iniciativa que repassa a pessoas pobres de seis municípios comida que seria jogada no lixo. No Dia Mundial da Alimentação, foi lançada a Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul. A intenção é integrar as ações já existentes e incentivar a criação de unidades em todos municípios gaúchos.
Desde o surgimento do primeiro banco no Estado, há sete anos, em Porto Alegre, seis cidades contam com instituições que recebem doações de alimentos e as repassam a entidades assistenciais. Outros cinco estão sendo criados para aumentar a distribuição de comida, que atualmente chega a 200 toneladas enviadas todos os meses a 260 instituições.
Quase todo o material arrecadado seria jogado fora por ter data de vencimento próxima ou em razão de pequenos defeitos no processo de produção. Também são recebidas doações de campanhas. A rede lançada ontem pretende unificar essas ações de captação e distribuição dos alimentos.
- Queremos fazer campanhas estaduais em conjunto. Assim, poderemos fazer comerciais que valerão para todos os bancos. Nossa intenção é levar esse trabalho para o Estado inteiro - revela Alceu Nascimento, diretor-executivo da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho e vice-presidente do Banco de Alimentos da Capital.
A nutricionista Denise Zaffari, coordenadora de um grupo de alunos da Unisinos que dá assistência ao projeto, explica que os produtos recebidos das empresas geralmente não têm valor comercial, mas mantêm o valor nutritivo.
- São alimentos impróprios para venda, mas bons para o consumo. Tudo o que é repassado às entidades está dentro do prazo de validade - lembra Denise.
Entre as instituições da Capital cadastradas no projeto está a Fundação Pão dos Pobres de Santo Antônio, que recebe diariamente alimentos para oferecer a 237 crianças e adolescentes de nove a 18 anos provenientes de famílias de baixa renda. Arroz, feijão, massa, leite em pó, frutas e verduras fazem parte das cinco refeições diárias da garotada.
- Essa ajuda é imprescindível para nós. E o excedente é repassado para outras entidades - conta Rosângela Pereira, nutricionista da Fundação Pão do Pobres.
O que são os bancos de alimentosSão escritórios que concentram doações de alimentos feitas por empresas e as repassam a instituições. O objetivo é combater a fome e o desperdício de comida.
Como funcionaSupermercados, indústrias e distribuidoras de alimentos entram em contato com o banco de alimentos e informam a quantidade de produtos a ser doada. Não se trata de alimentos estragados, mas de produtos em boas condições que seriam desperdiçados como, por exemplo, artigos com data próxima do vencimento ou hortifrutigranjeiros que não seriam mais colocados à venda.
Os próprios doadores providenciam a entrega, ou o banco manda um veículo buscar a doação.
As doações são armazenadas em um depósito com câmaras refrigeradas.
No local, é feita a seleção dos alimentos a serem repassados.
Onde já existePorto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Guaíba, Livramento e Viamão
Como participarEntidades que queiram se cadastrar para receber alimentos, empresas interessadas em doar ou líderes que queiram instalar o banco podem ligar para (51) 3026-8020 ou 0800-5416000, ou acessar o site www.bancodealimentos.org.br
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Zero Hora, 17/10/2007)