O Ministério Público Federal (MPF) não tem prazo para formular denúncia contra os pelo menos 22 envolvidos na Operação Moeda Verde indiciados em pela Polícia Federal (PF). De acordo com o procurador da República João Marques Brandão Néto, membro da força-tarefa que acompanha o caso, existe inclusive a possibilidade de ser determinado o aprofundamento das investigações, com a requisição de novas diligências e outras quebras de sigilos fiscal e telefônico.
Conforme Brandão, assim que o inquérito for encaminhado da Justiça Federal ao Ministério Público Federal, os procuradores promoverão "uma análise minuciosa" de todos os documentos. Até a tarde de ontem, a Justiça ainda não havia recebido o inquérito da PF, no qual foram indicados pelo menos as 22 pessoas que tiveram prisão decretada em maio. Nem a quantidade nem a identidade dos demais indiciados foram reveladas ontem pelo órgão.
- A responsabilidade pela denúncia é nossa (procuradores). O inquérito é só uma coleta de provas que a polícia faz. Se for o caso a gente desindicia quem foi indiciado ou pega mais gente - afirmou.
O procurador não escondeu o mal-estar entre o Ministério Público e a Polícia federal. A situação teria piorado há cerca de 15 dias, quando a força-tarefa soube de um suposto vazamento de informações que teria ocorrido em novembro.
Por conta disso, explicou Brandão, os procuradores requisitaram à direção da PF, em Brasília, instauração de inquérito para investigar os motivos pelos quais a delegada Julia Vergara não teria comunicado o fato à força-tarefa. Embora tenha garantido que, "com toda certeza", a PF tomou conhecimento de onde partiu o repasse de informações sigilosas, Brandão não informou o responsável pela iniciativa, que se constitui um crime.
Questionado sobre quem teria sido beneficiado com a quebra de sigilo, disse que "todos os investigados".
- De novembro para frente já tinha uma ponte passando tudo para o pessoal (os 22 indiciados). Essa ponte sai do Estreito, passa pela Ilha do Carvão e chega a Florianópolis - afirmou enigmático, acrescentando apenas que "quem vazou freqüenta colunas políticas".
Direção da PF e delegada não falam sobre o impasse
O procurador também não descartou a possibilidade de a investigação ser assumida pelo MPF, e avisou:
- Do jeito que está não dá para continuar. Ou há um entrosamento maior da polícia com o Ministério Público, ou a gente (procuradores) vai ter que aumentar nossa parcela de investigação no âmbito do MPF. A gente (polícia e MPF) precisa ter um entrosamento maior.
Até ontem a direção-geral da Polícia Federal não havia se pronunciado sobre o pedido de abertura de inquérito feito pela força-tarefa para esclarecer o vazamento. Além da polícia, os procuradores da República que atuam na Operação Moeda Verde também não se entendem com o juiz Zenildo Bodnar. A assessoria de comunicação da PF disse que a delegada Julia Vergara e a direção do órgão no Estado não se pronunciariam sobre o assunto ontem.
(Por João Cavallazzi,
Diário Catarinense, 17/10/2007)